O Jogo

Presidenci­ais também se jogam no campo

- Jorge Maia

1Sérgio Conceição fez os possíveis para se blindar a si próprio e ao balneário do ruído que resulta do arranque do período eleitoral para a presidênci­a do FC Porto. Consideran­do o tempo de antena a que tem direito semanalmen­te e o peso que tem junto da opinião pública portista, é apenas normal que o treinador meça as palavras com que aborda o tema, até para não se tornar a si próprio e à equipa num dos temas da campanha. Conceição precisa do apoio de todos os portistas para a tarefa de recuperar a desvantage­m para os rivais com que entrou nesta segunda volta. Colocar-se, e com ele a equipa, de um dos lados da barricada eleitoral, seria um convite à divisão nas bancadas com um impacto que dificilmen­te seria positivo. Claro que nada disso significa que o treinador e a equipa estão de fora da corrida eleitoral. Mesmo que haja temas e preocupaçõ­es mais profundas e estruturai­s para discutir entre o candidatos, seria ingénuo ignorar o impacto que os resultados desportivo­s poderão ter naquela que ainda será uma consideráv­el margem de indecisos entre a rotura com o passado e a aposta na continuida­de. Um FC Porto convincent­e na luta pelo título, forte na Taça de Portugal e competitiv­o na Champions oferece um contexto para as eleições completame­nte diferente de um outro, mais distante dos objetivos desportivo­s traçados para esta temporada. Portanto, sim, Conceição tem uma palavra a dizer na decisão das eleições presidenci­ais. Não em conferênci­a de imprensa, mas no campo.

2O pior da atribuição do prémio The Best a Messi como melhor jogador do Mundo foi a forma como desrespeit­ou o próprio. Ao longo da semana multiplica­ram-se as opiniões sobre o desmerecim­ento do argentino que, por sinal, foi o único que se deu ao respeito, faltando a uma cerimónia que não fez mais do que diminuí-lo. Messi ganhou muito prémios individuai­s que mereceu ganhar, alguns discutívei­s porque disputados olhos nos olhos com jogadores da mesma dimensão, outros indiscutív­eis por ter sido claramente o primeiro entre pares. E agora ganhou o último The Best por inércia. Como dizia Alexander Pope, um elogio imerecido é sarcasmo disfarçado. Messi não merecia o prémio, estamos todos de acordo. Mas sobretudo não merecia que lhe faltassem ao respeito, manchando tudo o que ganhou à sua própria custa com uma piada de mau gosto em que ele é, involuntar­iamente, a punch line.

Seria ingénuo ignorar o impacto que os resultados terão naquela que é uma consideráv­el margem de indecisos

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Cara e coroa

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