O Jogo

JHONATAN ATOU O NULO

Héctor tremeu num penálti, aos 90’, e moralizou o guardião para intervençã­o divina na recarga. Momento de traição ao domínio, mas cristalino sobre a incapacida­de flaviense

- PEDRO CADIMA

Sensaciona­l defesa e um pequeno milagre, num penálti muito duvidoso. Segundos de esforço colossal, uma vestimenta de herói e muitas preces atendidas.

Frustração e algum feitiço, acreditand­o num altar de orações por detrás das redes rioavistas, os transmonta­nos perderam-se nas boas intenções sem vislumbrar­em a chave de um assalto eficaz, exercendo um domínio vasto mas semodetalh­edecisivo,umpasse excecional ou uma conclusão irrepreens­ível. Tudo podia termudadoa­os90’,masHéctor prolongou tarde desinspira­da da marca de penálti e Jhonatan esculpiu uma defesa monumental.Adarecarga,deSteven Vitória, derretendo um alento aos locais na luta pela sobrevivên­cia,alémdeabal­arascontas e o futuro. Quem carrega o tormento da lanterna vermelha, não se pode dar a estes luxos, um evidente caso de perdição.

Um caudal inócuo, tantas vezes, um alarido sem fogo, uma travessia tremida pelo jogo de quem quer mudar o destino sem saber bem como, perante um Rio Ave também aflito, igualmente limitado, que fez uso de postura comedida, um guião sem fuga, ambicionan­do pouco mais do que um jogo sem erros. Fê-lo na retaguarda, controland­o sem melindre Jô Batista e anulando com bons níveis de entreajuda o posicionam­ento mais maleável de Héctor, ora móvel, ora acionando a sua matriz de ponta-de-lança.

O encontro podia ter sido mais generoso para os locais, pelo espírito da entrada dominante, com algum sufoco e pontuais apertos para o rival, ao passo que o Rio Ave praticamen­te só se sentiu cómodo para contra-atacar na segunda parte, benefician­do dos desdobrame­ntos rápidos pela esquerda de Fábio Ronaldo.

Apelando a um derradeiro inconformi­smo, e com Guzzo a vincar ideias mais luminosas, o Chaves venceu a imagem de uma equipa desordenad­a, parecendo mais decidida a mandar. Há ritmos por acertar, emoções por controlar, na busca da harmonia, sustendo o crivo da condenação. E esbanjar um penálti tão tardio deixa difícil provar o aroma da salvação.

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Despique no miolo entre Amine e Kelechi, num jogo sem golos
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