Precisamos de bons amigos
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A segunda volta arrancou com os mesmos sinais fortes no topo do campeonato. Por cada equipa, um jogador que, entre os chegados esta época, dão o melhor futebol e mais decisivo/diferenciador a cada clube.
Gyokeres no Sporting (pela forma de poder físico e técnica de remate), Di María no Benfica (pela forma como dá a melhor solução a cada bola, move-se e define), Varela no FC Porto (pela forma como mesmo nos momentos difíceis equilibra a equipa, âncora do meio-campo à frente do processo defensivo). O Sporting tem muitos segundos-avançados para apoiar o seu nº9 demolidor mas ao ter, nesta fase, de recuar Pote para o meiocampo (onde lhe faltam soluções em contraste com as muitas e diferentes que tem no ataque) perde o jogador que melhor define nas suas costas.
Sei que o Pote tem boas estatísticas como médio, mas nesta forma tática (e sistema de meiocampo “a dois”) com que joga a equipa leonina, tal não contempla os números que não são mensuráveis por estatística: tempos de pressão, coberturas ou o encaminhar do adversários para fora de zonas de maior perigo. Por isso, à grande contratação de primeira página goleadora, tem que juntar-se, na mesma medida, Hjulmand, num trabalho invisível mas de maior importância tática.
2
O Benfica entra numa dimensão impressionante quando Di María e Rafa desatam a jogar a sério em velocidade de movimentos, execução e trocas posicionais, mas o grande crescimento da equipa nestes últimos jogos tem mais a sua origem no epicentro central do meio-campo com João Neves e, sobretudo o crescimento, de Kokçu, a jogar mais rápido nos passes a um/dois toques com boas opções, o diferenciador que torna esses passes certos verdadeiramente importantes e não apenas burocráticos (ou até antes más opções na saída rápida, mas que não deixavam de aparecer na estatística como certos). São, de facto, certos na partida e chegada, mas não eram na dinâmica de jogo. Kokçu explica agora essa diferença.
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O FC Porto precisa de fazer crescer o seu segundo médio para dar mais seguimento ao perfeito jogo equilibrador de Alan Varela. Os últimos sinais revelam o crescimento de Nico González nessa tarefa a nível de passe, mantendo a disciplina de Eustáquio, mais crescido em bolas divididas, mas um nº8 mais curto na saída rápida que uma equipa grande tanto precisa nesse espaço. Por isso, sobe muitas vezes sem bola. quando devia mais fazer sair... a bola.
Ao falar de Iván Jaime quando o meteu em campo, Sérgio Conceição, referindo-se que queria que ele se colocasse na linha de Stephen Eustáquio mas subido numa terceira linha do meiocampo com inserimento adiantado, estava, no fundo, a tocar nesse ponto tático.
Três protagonistas, Gyokeres, Di María, Varela, e as necessidades distintas de ter perto quem lhes dê suporte coletivo de jogo