O Jogo

LIDADOR APLAUDIDO POR UM CZAR GENIAL

Nuno Borges despede-se do Open da Austrália como uma das revelações do Happy Slam e passa a merecer o respeito dos gigantes

- MANUEL PÉREZ

O maiato saiu da Rod Laver Arena com mais do que o dever cumprido na etapa do Grand Slam em que foi impedido de participar, há dois anos e dez dias, depois de um teste covid positivo, na véspera do qualifying.

O momento mais alto da carreira de Nuno Borges, que no próximo mês cumpre 27 anos e um inteiro no top-100 da hierarquia mundial, fica eternizado pela “standing ovation” de 15 mil espectador­es e o aplauso de Daniil Medvedev, quando o maiato se despedia da Rod Laver Arena, depois de eliminado do Open da Austrália, pelo número três mundial, em quatro sets.

Tudo isto aconteceu com o número um português ainda a fervilhar de emoções sempre em crescendo, desde o primeiro ponto (um ás do russo) até ao último de um encontro entusiasma­nte, no qual o terceiro set ficou como uma saborosa cereja roubada do bolo que o russo fazia questão de devorar inteiro.

O campeãodo US Open’ 2021 e finalista das últimas edições do Happy Slam ganhou, 6-3, 7-6 (7/4), 5-7 e 6-1, em 3h10, e o set que cedeu foi o primeiro que Borges roubou a um jogador do top-10; à quarta tentativa. Depois de perder dois sets física e mentalment­e muito exigentes, e de ficar a perder 2-5 no terceiro, foi a resiliênci­a a evitar uma saída precoce do jogo, salvando dois match-points seguidos a 4-5, no serviço do moscovita, evitando três pontos de break a seguir e fechando finalmente com a reviravolt­a para 7-5.

As declaraçõe­s de Nuno Borges, carregadas de fleuma e muita fluência na língua inglesa, foram categórica­s: “A grande arma do Medvedev é provocar o erro contrário, não precisando de empurrar muito para trás, bater muito forte na bola ou disparar winners atrás de winners. Tornou as jogadas longas e drenou lentamente o meu jogo, fazendo-me sentir desesperad­o e exagerar nos erros. Ele obriga a bater mais uma bola, outra e mais outra, até falharmos”.

O “Nice Guy”, como é apelidado o russo que treina na francesa Nice, mostrou-se surpreendi­do por uns amortis que “normalment­e não assustam, mas os dele foram inacreditá­veis”. Com o cuidado de olhar para a estatístic­a, acrescento­u que o maiato “fez uns 20 amortis e ganhou 15 pontos; isso é muito bom”. “Pela televisão não parece que ele bate na bola com muita força e tem pancadas tão pesadas”, acrescento­u, completand­o a apreciação motivadora: “No encontro contra o Dimitrov, a estatístic­a refere que a direita dele esteve muito mais pesada do que a do Grigor. Isso surpreende­ume e senti-o hoje [ontem] na pele. As suas pancadas são muito pesadas e sempre que batia na bola empurrava-me para trás, utilizando muito bem o amorti para me desequilib­rar”.

“O Nuno bate com muita força na bola. Na televisão não parecia ter uns golpes tão pesados, empurrou-me para trás e somou pontos com amorties”

Daniil Medvedev Número 3 do ranking ATP

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