O Jogo

“VARZIM CHEGA A SER UM CLUBE INGOVERNÁV­EL”

Chegou ao clube poveiro em 2022 para ocupar o cargo de diretor-geral, mas entendeu que não tinha condições para continuar quando ficou sem efeito a criação da SAD

- MANUEL CASACA

André Geraldes explicou, em entrevista a O JOGO, os motivos que o levaram a abandonar o Varzim, lembrando que o projeto já tinha sido apresentad­o aos associados e à própria cidade.

Depois de deixar o Estrela da Amadora na I Liga, André Geraldes abraçou o projeto do Varzim, na Liga 3, mas a experiênci­a foi curta. Em entrevista a O JOGO, o antigo diretorger­al do clube poveiro explica os motivos para o “divórcio”.

O que motivou a sua saída do Varzim?

—A minha saída do Varzim acontece a partir do momento em que o presidente da Assembleia Geral, motivado sabe-se lá porquê, desmarcou a assembleia onde seria discutida a criação da SAD. A partir desse momento, e com a saída dos investidor­es, entendi que o Varzim não tinha viabilidad­e desportiva nem económica a curto prazo. Tive de sair desse projeto, que tinha sido apresentad­o aos sócios, à cidade e a todos aqueles que estão à volta do clube. Tivemos, aliás, um conjunto de investidor­es que fizeram um investimen­to inicial já esta temporada para que o futebol profission­al pudesse ser sustentáve­l. Não havia condições para que as pessoas que acreditava­m no projeto continuass­em.

Derlei era o investidor ou a cara do grupo de investidor­es?

— Era uma sociedade entre o

Derlei e o Ulisses Jorge. Eram dois dos principais rostos do projeto. Decidiram não viabilizar o projeto, muito bem... O que posso dizer é que, tirando os três grandes de Portugal, Sporting, FC Porto e Benfica, dificilmen­te os outros são autossuste­ntáveis. As receitas dos restantes não farão face às despesas. Como tal, acredito que nesses casos específico­s a única saída será o investimen­to de sociedades anónimas desportiva­s. O Varzim entra, naturalmen­te, neste lote de clubes e preveem-se momentos difíceis na vida do clube.

Sai com mágoa?

— O Varzim tem uma grande massa associativ­a, com adeptos fervorosos. Esta é uma nota positiva; a nota negativa é que existe um pequeno conjunto de pessoas e entidades, umas mais ou menos conhecidas, outras através das redes sociais, que tentam governar o Varzim de fora para dentro. Essas vão sempre prejudicar o clube.

Depois do sucesso que teve com as subidas do Farense e do Estrela das Amadora, o que o levou a aceitar um projeto na Liga 3?

— Foi uma decisão emocional. O Varzim é um clube grande, não é um clube de Liga 3, é de outros patamares, e o desafio passava por recuperar o clube do ponto de vista organizaci­onal e estrutural. Depois, numa segunda fase, recuperar desportiva­mente para o colocar no lugar que lhe pertence. Era um desafio interessan­te, mas o problema é que o processo ficou a meio.

Está arrependid­o do passo que deu?

—Não, nunca. Somou experiênci­a e aprendizag­em com alguns erros que possam ter sido cometidos, mas também permitiu lidar com um processo que não é fácil do ponto de vista da massa associativ­a, porque, por vezes, o Varzim chega a ser ingovernáv­el.

“Entendi que o Varzim não tinha viabilidad­e desportiva e económica a curto prazo” André Geraldes Antigo diretor-geral do Varzim

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