O Jogo

“Esta prova é puro negócio”

Formato que entrará em vigor a partir da próxima época não beneficia “os clubes pequeninos”

- MELO ROSA

Inácio critica a ideia de retirar os clubes de menor dimensão da discussão da Taça da Liga. A possibilid­ade de ser disputada no estrangeir­o sustenta a sua opinião sobre o que significa esta prova.

●●● Augusto Inácio foi bem claro ao afirmar que, pela maneira como está formatada, “a Taça da Liga é para os grandes ganharem.” “Aparecer um outsider como o Moreirense e agora o Estoril é quase um milagre”, sustenta o treinador, certo de que a fórmula que entrará em vigor a partir da próxima época – oito participan­tes, com os seis primeiros da I Liga e os dois primeiros da II Liga – será prejudicia­l para o futebol português. “Sou a favor de um formato com sorteio puro e duro, ou seja, sem cabeças de série; era o que sorteio ditasse e ponto final. Seria uma Taça da Liga mais dimensiona­da para o futebol de todo o país. Como estava agora, beneficiav­a claramente os grandes, porque estes nunca se encontrava­m uns com os outros. No próximo formato, então, ainda será pior”, critica.

Inácio justifica a opinião sobre os prejuízos do novo formato. “Os pequeninos que esqueçam a Taça da Liga, porque nunca lá vão entrar, a não ser que haja um outsider que fique em quinto ou sexto lugar, como aconteceu na época passada com o Arouca. O Estoril, por exemplo, neste novo formato, não tem hipótese nenhuma de chegar à Taça da Liga. E depois entram duas equipas da II Liga, mas isso já se sabe que é para inglês ver”, lamenta.

Resumindo, o treinador que fez 274 jogos na I Liga e foi, por exemplo, campeão no Sporting, em 1999/00, não tem dúvidas. “Este novo formato é puro negócio. Vai dar mais possibilid­ades às equipas grandes de conquistar­em o troféu. É prejudicia­l para equipas como o Moreirense ou como o Estoril. Para os clubes pequenos, esta competição ficará fora do calendário. Não têm hipótese nenhuma de lá chegar”, reforça.

Há ainda, segundo Inácio, outro aspeto negativo, na implementa­ção do figurino que será concretiza­do a partir de 2024/25. “Retira a estes clubes de menor dimensão a hipótese de lutarem por títulos. A Taça de Portugal é uma possibilid­ade, mas também já há algum tempo que mudou um bocadinho a essência do que era a Taça. A meia-final tem de ser sorteio puro e duro, seja em que campo for, e não a duas mãos. Sendo assim, claramente beneficia as equipas mais fortes e as equipas pequenas têm cada vez menos possibilid­ades de chegar à final”, aponta. A Taça da Liga, com a possibilid­ade de ser disputada fora do país, e com os seis primeiros classifica­dos da I Liga, se isto não é negócio, então o que é?”, questiona, em jeito de remate.

“Como estava agora beneficiav­a os grandes. No próximo formato, então, ainda será pior”

“Esta competição ficará fora do calendário para os clubes pequenos”

Augusto Inácio Treinador do Moreirense em 2017

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Augusto Inácio com Cauê na final da Taça da Liga de 2017, que o Moreirense venceu

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