O Jogo

“Nem me deixavam pagar as compras”

Farense Aos 60 anos, o icónico guarda-redes da Nigéria no Mundial de 1994 recua à sua chegada a Faro, logo a seguir, e como saboreou, deliciosam­ente, o Algarve

- PETER RUFAI

Rufai expressa o amor pelo Farense, pelo tempo vivido no Algarve, congratula-se com a campanha atual e pede acesso europeu a Ricardo Velho, sabendo que o guardarede­s tem sido uma figura.

PEDRO CADIMA

●●●Rufai, hoje com 60 anos, é personagem inesquecív­el em Faro, guarda-redes lendário chegado ao Algarve depois de ter sido o homem poderoso da baliza das Super Águias no Mundial de 1994, onde os africanos foram uma grande atração com craques do calibre de Yekini, Okocha, Finidi, Oliseh eAmokachi.Contratado­aoGo Ahead Eagles, dos Países Baixos, transformo­u-se num grande muro nos leões de Faro, entrando direto para o onze de Paco Fortes e protagoniz­ando a campanha do 5.º lugar do Farense, que valeu acesso europeu. Faz duas épocas e meia e parte para o Corunha, mas a passagem por Portugal foi o seu auge na Europa. “Foi a minha grande experiênci­a, o melhor clube que represente­i e onde fui mais feliz. Espero sempre que façam algo importante e estou muito feliz de ver o Farense novamente na I Divisão. O clube do Fernando Belo. Esse homem era um dos grandes segredos para tudo correr bem, era puro amor ao clube. Dele tinha todos os cuidados médicos e pessoais quando estava lesionado”, resume com um sonoro sorriso que aproxima o contacto com Lagos, onde Rufai lidera uma academia de futebol e uma escola de ensino para os mais jovens. Alegra-se ao saber que o Farense é a equipa sensação em 2023/24 e que receberá o FC Porto no São Luís. “Ainda falo com o Miguel Serôdio, falava também com o Portela, com outros jogadores e alguns fãs. Recentemen­te não tenho comunicado muito, mas fico feliz que estejam bem. O meu sonho é voltar para os visitar a todos. Já não vou a Faro desde 2007 ou 2008”, documenta Rufai, 66 jogos pelas Super Águias.

Sem o conhecer, adora saber que Ricardo Velho é o guardarede­s em maior foco na Liga portuguesa, até com protagonis­mo gigante num empate na Luz, fechando a baliza ao Benfica. “Dou-lhe as maiores felicitaçõ­es e um forte desejo que mantenha esse grande trabalho. Que tenha o maior sucesso na sua carreira e, sobretudo, no Farense. Que consiga também, tal como eu, um acesso à Europa com o clube. Fico à espera de notícias de uma grande exibição contra o FC Porto”, suspira o nigeriano, muito agradado com o 7.º lugar dos algarvios já em plena segunda volta, delirando com o clamor da nostalgia. “Bonito foi sentir o calor das pessoas do Algarve, deram-me muito amorefizer­amaminhaca­rreira muito mais próspera. Sentia-me feliz todos os dias em Faro e queria sempre dar mais pelo clube. Os adeptos estiveram sempre comigo, foram o meu suporte. Não esqueço grandes colegas, maravilhos­os e bons companheir­os, um técnico intenso e apaixonado como Paco Fortes. E o Fernando Belo, além da Direção. Quando ia para o supermerca­do as pessoas eram muito simpáticas, nem me deixavam pagar as compras. Foi um tempo incrível”, partilha, aceitando revelar a figura mais desbocada e desconcert­ante do balneário. “Sem dúvida o Djukic. Era muito maluco, fazia piadas constantem­ente, metiase com toda a gente e fazia-nos rir. Era doido por motos, eram infinitas histórias. Levava-me a sair por bonitos restaurant­es, era uma experiênci­a única estar com ele. Até com o treinador se metia! Eu queria saber como me exprimir com o árbitro, como retribuir algo tipo ‘bem feito, bem decidido’ e ele só me aconselhav­a a dizer algomaluco.Eosárbitro­solhavam para mim fixamente, eu não sabia o que dizer, estava no primeiro ou segundo jogo em Portugal”.

Rufai ganhou a alcunha Dodo Mayana, associada à sua herança real, que o levou a ser declarado príncipe da sua província, após a morte do pai. Em Lagos, gere uma escola e uma academia de futebol

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