DIAS DE ALTÍSSIMA PRESSÃO

INGLATERRA Insistência do luso Rúben Dias foi decisiva para a continuidade do Manchester City na Taça

À terceira é de vez, diz o povo, mas em Inglaterra, no léxico futebolístico, a versão foi ontem aperfeiçoada para “à sexta é de vez”. Isto porque, ao fim de cinco derrotas no Estádio Tottenham Hotspur, inaugurado em abril de 2019, o Manchester City conseguiu finalmente sair vencedor de uma partida ali disputada frente aos donos da casa.

Um triunfo que vale aos citizens o apuramento para os oitavos de final da Taça de Inglaterra e que foi obtido com ação determinante de um jogador português: já aos 88 minutos, num encontro que parecia caminhar para o 0-0 final, Rúben Dias foi à área contrária num pontapé de canto. A bola foi batida porKevindeBruyne desde a esquerda e, sobre a linha de baliza, o defesa central tentou cabecear para dentro da baliza, estorvando a ação do guarda-redes Vicario, que estava atrás de si e não conseguiu afastar a bola. Esta caiu à frente da baliza e Nathan Aké só teve que encostar para o golo. O lance foi muito protestado pelos jogadores dosspurs, mas o golo foi mesmo validado, deixando o Tottenham com poucas hipóteses de resposta, dado o pouco tempo que faltava para o fim. A “alta pressão” de Rúben Dias sobre o guarda-redes contrário resultava em pleno.

Spurs conseguiam manter o City longe da baliza

Não se pode dizer que o resultado tenha sido injusto, uma vez que o equilíbrio foi a nota dominante, numa partida disputada a ritmo intenso, com os jogadores manifestamente decididos em impedir um eventual jogo de desempate. Graças à aposta em ataques rápidos, no limite de velocidade, o Tottenham teve forte mérito em conseguir manter o City mais longe da baliza adversária do que é hábito nas equipas de Guardiola, mas, valha a verdade, a haver um vencedor teria mesmo de ser o City, equipa que teve as melhores ocasiões do encontro.

Aos 49’, por exemplo, Álvarez atirou por cima da barra quando tinha a baliza escancarada. Aos 81’ foi a vez de Bernardo Silva, em boa posição, permitir a defesa de Vicario num remate rasteiro e, aos 82’, De Bruyne atirou ao lado quando podia ter feito bem melhor. Bernardo esteve ainda em destaque aos 86’, ao isolar Doku, cujo remate cruzado foi defendido por Vicario.

“Tenho a certeza que eles tiveram um olhar atento. O árbitro e o VAR não viram nada de errado na jogada. A decisão foi tomada e temos de aceitar isto”

Ange Postecoglou Treinador do Tottenham

“Pelas estatísticas e pela forma como jogámos, fiquei muito satisfeito. Tivemos um desempenho incrível. Tudo me agradou, do primeiro ao minuto 95”

Pep Guardiola Treinador do Manchester City

O Tottenham não ganha um troféu desde 2008 (uma Taça da Liga) e, ontem, viu praticamente confirmado mais um ano de jejum. Isto porque já foi afastado de todas as provas a eliminar e, como tal, só sendo campeão inglês poderá interromper essa fome de títulos. Atualmente é quinto classificado na Premier League, mas apesar de tudo está a apenas oito pontos do primeiro lugar, pelo que tudo ainda é possível.

Curioso é que o Tottenham, quando ganhou a última Taça, em 1991, era o clube com o maior número de troféus ganhos nesta prova (oito). Desde então, não voltou à final e, agora, já foi ultrapassado por Arsenal(14), ManchesterUnited (12), e igualado por Chelsea e Liverpool, que também já têm oito cada.

Sobre o golo decisivo, Ange Postecoglou, treinador dos spurs, demonstrou assinalável fair-play. “Tenho a certeza que eles tiveram um olhar atento. O árbitro e o VAR não viram nada de errado na jogada. A decisão foi tomada e temos que aceitar isto”, afirmou o treinador australiano que comanda a turma londrina.

Já o espanhol Pep Guardiola destacou o facto de Nathan Aké estar no sítio certo para finalizar. “Tem uma presença incrível nas bolas paradas. É uma das suas melhores virtudes”, disse, analisando a exibição da equipa: “Pelas estatísticas e pela forma como jogámos, fiquei muito satisfeito. Tivemos um desempenho incrível. Tudo me agradou, do primeiro ao minuto 95.”