TROFÉU ESPEROU PELOS CINCO MAGNÍFICOS
Guerreiros longe da melhor versão e Estoril sem energia para um estado de graça em Leiria. Horta ressuscitou a equipa e craques decidiram nos penáltis
Jogo prometeu na fase inicial, com entrada afoita e certeira do Estoril. Cassiano conferiu avanço, mas reação do Braga teve obra monumental. A emoção só foi redescoberta depois do apito final.
mesmo com o favorito a conviver com a incerteza de um final feliz até ao derradeiro penálti, perdido por Tiago Araújo. A constelação dos guerreiros não fez diferença em 90 minutos, mas, no contacto com o angustiante poder de decisão de um castigo máximo, os nervos de aço e o toque refinado de Horta, Moutinho, Abel Ruiz, Pizzi e Al Musrati não deixaram fugir a terceira Taça da Liga para o Braga, a terceira de Salvador, a primeira de Artur Jorge, que tinha o desejo ardente de pontuar o seu trabalho no clube do coração com um título. Obtido com evidente sofrimento, tempero indispensável a uma grande farra com a condizente descarga de euforia.
Tudo o que faz o sangue correr, certamente vale a pena ser feito, mesmo que no fim uns enlacem a glória, outros sucumbam a um misto de sensações que vão do fracasso à frustração. Dentro da adrenalina competitiva, os penáltis cozinharam a fé e a esperança, sugeriram aconchego a quem partiu com menos trunfos, quando, na realidade, se revestiram da sentença mais cruel, animicamente devastadora para um coletivo, destrutiva para um cobrador, que, neste caso, deverá despachar rapidamente o transtorno, pois também experimentara papel decisivo, pela positiva, diante do Benfica. Tiago Araújo foi o único a baquear e Matheus nem precisou de se agigantar para aumentar o seu legado triunfador em Braga.
As duas equipas repetiram viagem apaixonada a Leiria, cobertas de honra por terem afastado Sporting e Benfica, desejosas de escreverem mais um marco nas suas histórias, mais densa a do Braga, a desempatar o seu registo em finais da Taça da Liga, três vitórias em cinco ensejos, perante um estreante nas decisões, procurando oferecer encanto sublime aos seus adeptos.
No campo, apesar de uma final convocar excelência, recomendar calculismo, não contemplar qualquer margem de erro, nem autorizar pretensões de vitória antecipada em função de nomes ou ambições, o espetáculo, que também se reclamava, resumiu-se à meia hora inicial, na qual o Estoril moveu as ondas de uma surpresa, mostrando ao Braga o preço do desnorte com pecados capitais de Gómez e Fonte a custarem muito cedo a pressa de um desembaraço para que não se formasse uma nuvem pejada de dúvidas e martírios. O golo canarinho derrubou constrangimentos ou inseguranças com os minhotos a subirem vertiginosamente o ritmo para contrariar qualquer ideiadeconfortoaoadversário. No seguimento de uma reação musculada e perante um Estoril com dificuldades de acerto às deambulações arsenalistas, o empate surgiu como corolário lógico da investida minhota. Horta foi capitão e general no aperto para acionar fumegante canhão. Grito de ordem, que deveria ter sido mais estimulante para quem detinha armas de calibre superior.
O Estoril percebeu, primeiro, a necessidade de resistir , depois de corrigir, estancando com relativa facilidade as intenções ofensivas do Braga na segunda parte. Não houve libertação de qualquer génio que afrontasse as correntes de um jogo que se foi fechando e empobrecendo, indicado um único caminho para a sua definição. Perigo, visto e sentido, só mesmo aos 84’, quando Pizzi esbarrou em Dani Figueira. O guarda-redes dos homens da Linha prolongou a esperança, mas não teve arcaboiço para qualquerdesfeitanodesempate por penáltis.