O Jogo

Antecipar calendário

- Veludo Azul Miguel Guedes

1Fruto da eliminação na fase de grupos da Taça da Liga, o FC Porto poupou-se a uma Final 4 que acabou por coroar o Braga como vencedor, prémio-mérito para uma equipa que ainda procura fazer a sua parte para se encontrar na Liga, arrancando para uma segunda volta mais aproximada àquilo que já habituou os seus adeptos. O Estoril de Vasco Seabra, derrotado nos penáltis com a ponta de azar inerente à marcação do último ponto final na área do jogo, merece os maiores elogios pela forma como sai do último lugar da classifica­ção da Liga em Outubro para uma vitória no Dragão, maior desafogo no campeonato e para uma final que até poderia ter ganho. O Braga não antecipa calendário mas pode ter antecipado a encomenda de uma nova dose de confiança.

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A ver jogar em Leiria, sem enorme tristeza, o FC Porto seguiu para o Algarve destinado a provar que a retoma do novo sistema táctico veio para ficar e se recomenda para todo o tipo de jogos na Liga, mesmo nas saídas fora de casa. Este 4-2-3-1 estreou na Taça de Portugal, prova a eliminar, e passou no teste caseiro do Minho, frente a Braga e Moreirense. Ainda por testar contra equipas a jogar no seu reduto, o jogo de hoje com o Farense pode e deve trazer alguma luz de afirmação a uma arrumação táctica que parece ter entregue aos jogadores uma maior capacidade de decisão individual e desenvoltu­ra. Algo que parece ter limpo algumas cabeças, à laia de “reset”. É por isso, também, que o jogo de hoje não admite falhanços. Pela aproximaçã­o (à condição) à liderança da Liga, pelos 5 pontos que nos separam da mesma e que não podem ser mais e pela convicção de que, finalmente, há uma equipa tipo que responde afirmativa­mente ao que o campeonato demanda. A antecipaçã­o de calendário não é real, mas é um bom tónico jogar antes dos nossos adversário­s directos.

3Com o pré-anúncio da candidatur­a de Jorge Nuno Pinto de Costa a um novo mandato no clube, pede-se ao Presidente em exercício um exercício: o da contenção como prova e marca de água institucio­nal. Algo que se transmita e reproduza, de resto, aos anunciados candidatos André Villas-Boas e Nuno Lobo. Com as eleições agendadas para Abril e com o FC Porto a disputar a Liga dos Campeões, Liga e Taça de Portugal,

Afundar o clube numa discussão eleitoral antes do tempo é o caminho mais próximo para entregar troféus aos nossos adversário­s e inimigos

o meu desejo é que as eleições sejam disputadas, discutidas, plurais e elevadas ao debate democrátic­o que o FC Porto precisa e quer. Não pode ser de outra forma. Todos os candidatos, independen­temente dos interesses particular­es, devem colocar o FC Porto acima de tudo e todos. Não será por acaso que “todos”, “só um” e “um de nós” são palavras lema dos três candidatos. Afundar o clube numa discussão eleitoral antes do tempo é o caminho mais próximo para entregar troféus aos nossos adversário­s e inimigos. Que ninguém antecipe calendário.

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