Antecipar calendário
1Fruto da eliminação na fase de grupos da Taça da Liga, o FC Porto poupou-se a uma Final 4 que acabou por coroar o Braga como vencedor, prémio-mérito para uma equipa que ainda procura fazer a sua parte para se encontrar na Liga, arrancando para uma segunda volta mais aproximada àquilo que já habituou os seus adeptos. O Estoril de Vasco Seabra, derrotado nos penáltis com a ponta de azar inerente à marcação do último ponto final na área do jogo, merece os maiores elogios pela forma como sai do último lugar da classificação da Liga em Outubro para uma vitória no Dragão, maior desafogo no campeonato e para uma final que até poderia ter ganho. O Braga não antecipa calendário mas pode ter antecipado a encomenda de uma nova dose de confiança.
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A ver jogar em Leiria, sem enorme tristeza, o FC Porto seguiu para o Algarve destinado a provar que a retoma do novo sistema táctico veio para ficar e se recomenda para todo o tipo de jogos na Liga, mesmo nas saídas fora de casa. Este 4-2-3-1 estreou na Taça de Portugal, prova a eliminar, e passou no teste caseiro do Minho, frente a Braga e Moreirense. Ainda por testar contra equipas a jogar no seu reduto, o jogo de hoje com o Farense pode e deve trazer alguma luz de afirmação a uma arrumação táctica que parece ter entregue aos jogadores uma maior capacidade de decisão individual e desenvoltura. Algo que parece ter limpo algumas cabeças, à laia de “reset”. É por isso, também, que o jogo de hoje não admite falhanços. Pela aproximação (à condição) à liderança da Liga, pelos 5 pontos que nos separam da mesma e que não podem ser mais e pela convicção de que, finalmente, há uma equipa tipo que responde afirmativamente ao que o campeonato demanda. A antecipação de calendário não é real, mas é um bom tónico jogar antes dos nossos adversários directos.
3Com o pré-anúncio da candidatura de Jorge Nuno Pinto de Costa a um novo mandato no clube, pede-se ao Presidente em exercício um exercício: o da contenção como prova e marca de água institucional. Algo que se transmita e reproduza, de resto, aos anunciados candidatos André Villas-Boas e Nuno Lobo. Com as eleições agendadas para Abril e com o FC Porto a disputar a Liga dos Campeões, Liga e Taça de Portugal,
Afundar o clube numa discussão eleitoral antes do tempo é o caminho mais próximo para entregar troféus aos nossos adversários e inimigos
o meu desejo é que as eleições sejam disputadas, discutidas, plurais e elevadas ao debate democrático que o FC Porto precisa e quer. Não pode ser de outra forma. Todos os candidatos, independentemente dos interesses particulares, devem colocar o FC Porto acima de tudo e todos. Não será por acaso que “todos”, “só um” e “um de nós” são palavras lema dos três candidatos. Afundar o clube numa discussão eleitoral antes do tempo é o caminho mais próximo para entregar troféus aos nossos adversários e inimigos. Que ninguém antecipe calendário.