O Jogo

Os altos e baixos, e as batotas

- Jaime Cancella de Abreu

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A equipa feminina do Benfica já fazia parte do melhor da história do futebol português por ter sido a primeira – até hoje a única – a disputar a fase de grupos da Champions. Esta época, à terceira participaç­ão, não fez a coisa por menos e acrescento­u mais um feito pioneiro ao seu curriculum: o apuramento para os quartos de final! Dispensand­o “take overs” sobre equipas primodivis­ionárias, começando humildemen­te por baixo, seis anos bastaram para atingir a elite maior do futebol feminino europeu. Aqui chegadas, “o sonho comanda a vida”, como bem escreveu o poeta António Gedeão.

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Leiria confirmou o Benfica 2023-24 como uma espécie de aliado das casas de apostas: venceu (não uma, mas duas vezes) o FC Porto, venceu o Sporting, venceu (não uma, mas duas vezes) o Braga, venceu, portanto, todos os jogos de grau de dificuldad­e superior que disputou até à data; perdeu, porém, pontos com Boavista, Moreirense, Casa Pia e Farense, e foi eliminado da Taça da Liga pelo Estoril, isto é, pode perder, ou já perdeu, títulos por resultados insuficien­tes contra equipas às quais estava “obrigado” a ganhar. Quarta-feira fui a Leiria – e com que sinceridad­e aqui o reconheço – programado para lá voltar ontem; regressei, não envergonha­do, porque a equipa, mesmo sem exibição de encher o olho, fez o suficiente para merecer a vitória, mas regressei, sim, frustrado com uma eliminação que nos impediu de somar um título mais ao nosso invejável palmarés de maior e mais vitorioso de Portugal.

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Com a janela de mercado prestes a fechar, podemos concluir que Rui Costa tudo fez para dotar a equipa dos meios necessário­s para rumar ao 39. Não sabemos, porém, o que podem realmente valer as novas contrataçõ­es, pelo que nos resta por agora rezar para que nenhum Chelsea da vida venha buscar, em cima da hora, algum dos nossos apetecidos craques.

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Não admira que quem é beneficiár­io de perdões de quase cem milhões de euros por parte de instituiçõ­es bancárias – uma batota financeira – não tenha pejo em socorrer-se de inconcebív­eis imbróglios legais para evitar que um jogador cumpra a suspensão da ordem após série de cinco amarelos – uma batota jurídica – e que outro entre na quadra de futsal com o descarado objetivo de travar um lance perigoso que podia empatar uma final a pouco mais de um minuto do seu termo – uma miserável batota desportiva!

Dispensand­o “take overs” sobre equipas primodivis­ionárias, seis anos bastaram para atingir a elite maior do futebol feminino europeu

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Por motivos profission­ais ligados à edição de um livro sobre “aprender a jogar futebol”, conheci há mais de uma dúzia de anos, e passei desde aí a admirar, Rodrigo Magalhães. Foi esta semana nomeado diretor técnico do futebol de formação do Benfica e, melhor do que eu, fala o sucesso atingido por jogadores que lhe passaram diretament­e pelas mãos, tais como, entre muitos outros, Bernardo Silva, Rúben Dias, João Cancelo, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Gonçalo Ramos, Florentino, António Silva e João Neves. Boa sorte, Rodrigo!

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