A bola é redonda
Nas meias-finais da Taça da Liga não imperou a lei do, teórico, mais forte. Com mérito e felicidade, o Braga eliminou o Sporting - duas das equipas que praticam melhor futebol e os leões talvez o principal candidato ao título, mas foram os bracarenses a estar na final. Já o Benfica viu o Estoril apresentar-se muito determinado e com a lição estudada, não prestando vassalagem. Na lotaria dos penáltis (a lotaria ganha-se com sorte, as penalidades com trabalho, competências e cabeça), os canarinhos garantiram o direito de defrontar o Braga. Estão de parabéns os dois clubes e, mesmo que para organização e media a final desejada fosse Benfica contra Sporting, a bola, que não tem dono nem deveres clubísticos, ditou que a emoção lá estaria mas com outros protagonistas. O Al Nassr de Cristiano teve que cancelar a digressão à China porque Ronaldo se lesionou, estará de fora algumas semanas e os adeptos queriam ver o nosso capitão, um portento de reconhecimento mundial, marca de valor que ultrapassa a imaginação. Ronaldo parado é muito raro, é dos jogadores que menos lesões teve, fruto do trabalho, suporte físico e mental e regras de saúde rígidas. E essa determinação e sacrifícios foram a base de uma carreira longa e carregada de jogos. Os jogadores, sobretudo estrelas como Ronaldo, fenómeno quase sem paralelo, são os principais ativos e devem ser protegidos. Eusébio quantas vezes até lesionado jogou? Os tempos eram outros e o cachet do Benfica dependente do extraordinário Pantera Negra entrar em campo. Atleta, clube e seleção perderam e hoje é reconhecido que esta profissão de desgaste rápido deve ser pensada de forma mais abrangente, pois é mais que treinos, jogos, tática e a bola. Movimenta muito dinheiro e interesses e os jogadores, num piscar de olhos, estão acabados e, jovens adultos, têm a vida pela frente para aproveitar – ou desperdiçar – em atividades para as quais não se prepararam. Ou não sabem o que fazer aos rendimentos. Muitos são enganados por falsas promessas e “amizades”. As exigências do futebol são grandes mas o tempo livre diário disponível. As escolas, as universidades, devem criar cursos e horários compatíveis, num país onde falta gente com qualificações intermédias. Os atletas que se garantiram com cursos médios e superiores devem ser estandartes de uma juventude que deve ser melhor aproveitada. E todos ficarão a ganhar. Até a bola!