O Jogo

Superliga ou superação na Liga?

- Nuno Correia da Silva

ATaça da Liga está entregue, venceu um dos candidatos pré-anunciado, parabéns ao Braga, lutou pelo troféu, não desperdiço­u oportunida­des e deu lição de eficiência. É a terceira taça, desta competição, na galeria de troféus do clube, não é coisa pouca. Terminada a prova, é devida glória aos vencedores, mas há vencidos que também ganharam. O Estoril, não venceu, mas ganhou. Ganhou o Estoril e ganhou o futebol.

Uma equipa com orçamento mais de dez vezes inferior ao dos restantes finalistas (talvez sete no caso do Braga) superou-se durante toda a prova. Venceu a equipa com o maior orçamento do futebol português, o Benfica. Venceu nos penáltis, mas impôsse em muitas fases do jogo.

O treinador do Estoril montou bem a equipa, leu os adversário­s e jogou com os seus pontos fracos, mas a estratégia só resultou porque os jogadores se superaram, foram muito maiores do que as expectativ­as.

O futebol genuíno tem de ser aspiracion­al, tem de agregar os melhores e os menos bons

São estes momentos e estes exemplos que nos confrontam com as opções que estão em discussão sobre o futuro do futebol europeu. A pretensão de criar a Superliga europeia, fechada aos super orçamentos, restrita aos super clubes, tem pouco a ver com o futebol verdadeiro.

O futebol genuíno tem de ser aspiracion­al, tem de agregar os melhores e os menos bons, para que os bons exemplos contagiem os que querem melhorar, para que a superação prevaleça sobre a resignação. O futebol sempre foi um desporto gregário, não sabe viver na segregação que uma superliga inevitavel­mente produz.

No final de 2023, o Tribunal de Justiça da União Europeia acolheu os argumentos dos promotores da Superliga, com a justificaç­ão de que a UEFA e a FIFA não podem impedir a prova, porque constituir­ia uma violação das regras da concorrênc­ia. O argumento é tão bizarro quanto curioso, uma competição organizada pelos clubes mais ricos da Europa, tem de ser autorizada porque não a reconhecer é desrespeit­ar a concorrênc­ia? Mas haverá maior violação das leis da concorrênc­ia que uma competição fechada aos mais poderosos?

A bem do futebol, esperamos que a Superliga nunca venha e ser realidade, porque no futebol o único super que se deseja é de “Superação”.

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