BOTIJAS DE DIA E GOLOS À NOITE
Endric Araújo está a cumprir a quarta época nos minhotos. No domingo, ante o Vila Real, apontou o sexto golo da época e deu a vitória
O brasileiro, com raízes na “zona norte das favelas” de São Paulo, trabalha numa empresa de botijas e depois vai treinar. Fica “oito horas em pé”, um “sacrifício” pelo futebol e pelo clube “sério” e “cumpridor”.
Cinco jornadas depois, Os Sandinenses voltaram às vitórias, mas com sofrimento: 2-1 ao Vila Real, triunfo decidido ao minuto 90 por Endric Araújo, avançado que tinha entrado dez minutos antes. “Estava confiante que ia entrar e ajudar a equipa. O mais importante era a vitória, porque estávamos a precisar”, conta a O JOGO o brasileiro de 29 anos, na quarta temporada em São Martinho de Sande (Guimarães). “Cheguei a meio de 2020/21, quando a equipa estava no Distrital. Só fiz 11 jogos porque a pandemia acabou com o campeonato. O projeto que me apresentaram era com a intenção de chegar aos nacionais”, conta. Ainda assim, o caminho foi sinuoso. “Em 2021/22 lutámos para não descer na AF Braga, mas na época passada conseguimos subir. O clube está a ter uma grande evolução e merece-a, pois trata-se de uma Direção séria, que cumpre tudo o que promete aos jogadores”, elogia. “Quando assim é, as coisas acontecem. Foi graças ao Sandinenses que consegui trazer a minha família para Portugal. Deram-me estabilidade”, acrescenta.
Com 23 pontos e em sexto lugar na Série A, Os Sandinenses procuram, acima de tudo, a “permanência”. “Viemos do Distrital. Queremos estabilizar no CdP para, depois tentar algo maior”, perspetiva.
Natural das favelas da “zona norte” de São Paulo, o atacante chegou a Portugal proveniente das camadas jovens do Flamengo, para jogar no Rio Ave, em 2012. Partilhou quarto com Ederson, hoje guardaredes do Manchester City (Inglaterra) e também se cruzou com Oblak e Diego Lopes. “O
EdersontambémédeSãoPaulo e, se nos encontrarmos, ainda falamos”, conta. Voltou ao Brasil em 2015 e ficou-se pelo futebol amador, até que em 2018 recebeu convite do Berço para regressar ao futebol luso. Hoje, concilia o futebol com o emprego numa empresa de botijas. “É um sacrífico que faço pelo futebol. Nesta divisão não dá só para viver disto. Estou no acabamento, oito horas em pé e muito trabalho de braços. Nem sempre é fácil”, assume.
“O Ederson também é de São Paulo e, se nos encontrarmos, ainda falamos”
Endric Araújo Avançado dos Sandinenses