O render pouco solene da guarda
A detenção de Fernando Madureira e mais 11 suspeitos de crimes cometidos durante a polémica AG de 13 de novembro cai como uma bomba a meio da pré-campanha eleitoral para a presidência do FC Porto.
Se quisermos muito espremer algo de pedagógico da operação Pretoriano, podemos sempre olhar para a meia dúzia de horas em que os portugueses tiveram direito a uma aula de história clássica e ficaram a saber quase tudo sobre a guarda pretoriana, responsável por proteger os imperadores romanos. Menos conhecido é o facto de a guarda pretoriana estar diretamente envolvida na queda de vários imperadores, com destaque para Calígula, assassinado pelos supostos guarda-costas. Aliás, consta que o lema dos pretorianos era, no mínimo, ominoso: “A guarda pretoriana cuidará de César, enquanto César cuidar de Roma. Quando César não mais cuidar de Roma, haverá um novo César”. Numa altura em que têm sido aprofundadamente debatidos o tempo e o sentido de oportunidade da justiça, a propósito da sucessão de casos que levaram à queda do Governo da República e do Governo Regional da Madeira, com os respetivos impactos nos processos eleitorais em curso, é impossível ignorar que a detenção de Fernando Madureira e mais 11 suspeitos cai como uma bomba no meio da pré-campanha eleitoral para a presidência do FC Porto. Madureira é um apoiante convicto de
Pinto da Costa e o presidente do FC Porto ainda há pouco tempo reconhecia ter “uma boa relação” e até “admiração” pelo líder da claque o que, nas atuais circunstâncias, dificilmente será visto como um trunfo eleitoral. Claro que não seria a primeira vez que o presidente do FC Porto transformaria um problema numa oportunidade. Por exemplo, usando o caso como prova da perseguição que diz ser movida ao clube por inimigos externos. A questão, com tudo o que se soube ontem, será convencer a nação portista de que é mesmo com os inimigos externos que o clube se deve preocupar.