O Jogo

Reforços: a tentação das sentenças sumárias

- Luís Freitas Lobo luisflobo@planetadof­utebol.com

1Não é fácil viver a nossa realidade sem estar sempre a criar cenários. Sobretudo no nosso futebol, onde, a cada janela de mercado, os clubes têm de inventar soluções para suprimir lacunas (comprando onde podem) ou evitar ameaças de perdas (que têm de transforma­r em bons negócios... inevitávei­s). Cada clube, na sua dimensão, vive neste limbo existencia­l de seis em seis meses. Por vezes, porém, existem ciclos de maior poder económico que permitem soltar mais a cabeça.

O atual Benfica usou esse momento para tentar resolver o problema enigmático da falta de lateral-esquerdo (após desistir de fazer crescer Jurásek) e encontrar um ponta-de-lança acima das dúvidas dos três que tinha (apesar dos sinais, contraditó­rios positivo-negativo, que cada um deles ia dando de jogo para jogo). Não fez sentido, face às possibilid­ades atuais, ter andado meia época com a equipa a balançar tanto exibiciona­lmente por razões que, além da questão tática-coletiva, tinha posições específica­s estrutural­mente mal abordadas desde início. Embora sendo ambos dos tais jogadores ainda com “casca de ovo na cabeça”, Marcos Leonardo tem tudo para ser o nº.9 com classe finalizado­ra (com mobilidade diversa) e Alvaro Carreras um novo projeto de lateral-esquerdo a sério.

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No FC Porto, a contrataçã­o de um central (após lesão de Marcano, depressão de Carmo e desgaste de Pepe) seria vista, qualquer que chegasse, antes como uma peça indispensá­vel do onze e só depois analisado individual­mente pelo que pode valer. É a contrataçã­o/reforço mais objetiva entre todas dos grandes.

Otávio deu sempre sinais de qualidade (posicional de corte, personalid­ade destemida e saída simples), mas o inevitável túnel de passagem da equipa médiapeque­na para a grande, nunca se sabe bem, sobretudo a meio da época, que impacto terá nisto tudo que se vê num lado e às vezes desaparece noutro. Não é ilusionism­o. É o futebol jogado na cabeça com o peso da camisola.

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A maior expectativ­a em termos de efeito tático, até porque se trata de um médio (isto é, para o setor sala de máquinas que faz verdadeira­mente as equipas funcionare­m ou não) está na tentativa de mais uma contrataçã­o cirúrgica do Sporting (que, no mercado anterior de Verão, foi quem contratou menos e... melhor). Koindredi ainda não se tinha fixado como indiscutív­el no onze do Estoril, mas os traços que combina entre pressão e saída de bola (intensidad­e e criação) são os que o meiocampo leonino “a dois” necessita para a posição nº.8 (podendo fazer mais posições, ou ocupar mais espaços na tal polivalênc­ia de médio para diferentes linhas que o jogo de Amorim necessita no centro, além de Morita-Hjulmand). Tudo se irá esclarecer depressa porque o futebol não abranda com a sua irresistív­el tentação de ditar sentenças sumárias

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Otávio e Koindredi são reforços de inverno do FC Porto e Sporting, respetivam­ente
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