Medidas de coação à espera dos interrogatórios
Audiência de Macaco adiada para hoje, no melhor dos cenários, o que significa que o líder da claque não estará no jogo com o Rio Ave. Prisão preventiva pode ser decretada
Madureira poderá responder também por branqueamento de capitais e evasão fiscal, num novo processo à margem da Operação Pretoriano, ainda por confirmar. Terceira noite passada na esquadra.
As medidas de coação que o juiz Pedro Miguel Vieira irá decretar no âmbito da “Operação Pretoriano” ainda não devem ser conhecidas hoje. O magistrado tem procurado acelerar os interrogatórios (pondera mesmo abrir o tribunal amanhã, ao contrário do habitual), mas o facto de haver oito detidos dispostos a prestar declarações tem adiado sucessivamente a audição de Fernando Madureira, que será sempre o último a ser presente ao juiz, por ser sobre ele que recai a maioria das acusações. Ora isso nem sequer é certo que aconteça ou termine hoje. Durante todo o dia de ontem só foi possível ouvir cinco dos arguidos (António Sá, Tiago Aguiar, José Pedro Pereira, Vítor Bruno Oliveira e Fernando Saúl, este já depois da hora do jantar, faltando Hugo Loureiro, Vítor Catão e Fernando Madureira), isto se entretanto não surgirem mais a querer falar. Portanto, é certo que o líder dos Super Dragões não estará esta noite no Dragão para o jogo com o Rio Ave, e muito dificilmente na apresentação pública da recandidatura de Pinto da Costa, amanhã à tarde.
Até porque, baseada na lei que pune a criminalidade violenta, a hipótese de ser decretada prisão preventiva não é de descartar. O Ministério Público poderá entender que o Termo de Identidade e Residência como medida de coação à generalidade dos suspeitos é limitada, tendo em conta o perigo de continuidade de atividades ilícitas e novos tumultos no futuro, mas também por pretender terminar com um sentimento de impunidade que diz existir.
Macaco, refira-se, poderá ainda ter de responder por branqueamento de capitais e evasão fiscal num novo processo, à margem da Operação Pretoriano, que visa o património do líder da claque. O Ministério Público quererá investigar o dinheiro encontrado em casa do casal Madureira, cerca de 50 mil euros em notas pequenas, que estariam escondidos no cofre, no sofá e atrás de uma televisão. Parte desse valor será da venda de bilhetes para os jogos do FC Porto com o Farense e o Arsenal, contudo o MP pretenderá escrutinar ao pormenor o património do casal, que estará inclusive a construir uma segunda moradia de luxo, e que não se coaduna com a declaração de rendimentos. Neste tipo de crimes, a moldura penal poderá chegar aos 12 anos de prisão.
Ainda a propósito de dinheiro e bilhetes, o MP também estará a relacionar Fernando Saúl, oficial de ligação aos adeptos, de ganhos financeiros com a transação de ingressos para jogos do FC Porto. Segundo os autos, seria do interesse de Saúl e do casal Madureira que as alterações propostas aos estatutos na AG fossem reprovadas, de forma a manterem alegadas regalias.
FernandoMadureirachegou ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) pouco depois das 14 horas, onde foi apoiado por alguns Super Dragões, mas nessa altura já se percebia que dificilmente seria ouvido. “Está preparado e vai esclarecer o que tiver de ser esclarecido. Está tranquilo”, assegurou o seu advogado Miguel Marques Oliveira, que também confirmou a intenção de Sandra Madureira de manter o silêncio. “A dona Sandra não vai ao tribunal, só quem vai prestar declarações. Emocionalmente nem toda a gente está preparada para estar naquele ambiente”, justificou. Pouco mais de três horas depois, Macaco voltou para a esquadra de Santo Tirso.
“[Fernando Madureira] Está preparado e vai esclarecer o que tiver de ser esclarecido. Está tranquilo” Miguel Marques Oliveira Advogado de Fernando Madureira
9H15 António Moreira de Sá e Tiago Aguiar chegam ao TIC do Porto. O primeiro para completar o depoimento iniciado na véspera.
10H40 O juiz Pedro Miguel Vieira entra no tribunal.
11H00 Advogado do casal Madureira, Miguel Marques Oliveira, está na esquadra da PSP de Santo Tirso reunido com Fernando e Sandra Madureira.
13H40 Vítor Oliveira, também conhecido como ‘Aleixo’, e Hugo Carneiro, com a alcunha de ‘Polaco’, já estão no tribunal.
14H10 Fernando Madureira chega ao tribunal e é recebido de novo com aplausos.
Villas-Boas depôs no final de dezembro
Os testemunhos de André Villas-Boas, dado a 27 de dezembro de 2023, foi incluído nos autos do Ministério Público, assim como de João Borges, funcionário do candidato à presidência do FC Porto, e de Henrique Ramos, um dos sócios agredidos na AssembleiaGeral de 13 de novembro, sabe O JOGO. Mas o MP também ouviu depoimentos de outros sócios que, de acordo com o “Observador”, relataram ameaças a idosos que usavam canadianas e agressões. Haverá testemunhos registados de um casal cuja mulher foi agredida e de uma outra mulher que se queixa de ter sido esbofeteada. Ao todo serão seis os sócios que prestaram testemunho a pedido do Ministério Público. Se numa fase posterior serão chamados a tribunal para testemunhar, dependerá, naturalmente, do desenrolar do processo. Os procuradores já terão pedido proteção para as testemunhas de forma a evitar eventuais represálias.
14H30 António Sá termina o seu depoimento, dando-se início à audição do segundo detido que aceitou falar: Tiago Aguiar, funcionário do FC Porto.
17H20 Tiago Aguiar termina de prestar declarações e é a vez de José Pedro Pereira falar.
17H29 Fernando Madureira deixa o tribunal e regressa à esquadra de Santo Tirso, visto que já não será ouvido. Vítor Catão também abandona as instalações, mas neste caso segue para a esquadra da Bela Vista.
19H00 Inicia-se o interrogatório de Vítor Oliveira, filho, conhecido como Aleixo.
20H00 Intervalo para jantar no tribunal.
21H45 Reinício da sessão para ser ouvido Fernando Saúl, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto.