O Jogo

DOIS PONTOS CHUTADOS PARA CANTO

MURO De uma sucessão de quases a um cerco que já não se via na Invicta desde D. Pedro IV, o Rio Ave nunca se desmoronou perante um FC Porto de pólvora seca

- Textos ANA LUÍSA MAGALHÃES

Um penálti revertido e dois golos anulados na primeira parte foram mau presságio para um dragão que não passou no teste de stress. Tentativas chegaram de todas as formas, mas pouco inspiradas.

Há jogos que desde cedo ●●● dizem que vão correr mal para um lado e o FC Porto terá ficado com essa sensação, pela sucessão de quases que teve no primeiro tempo. O nulo diante de um Rio Ave obstinado e a jogar nos limites espelha, no entanto, mais do que meros infortúnio­s de foras-de-jogo milimétric­os. O desafio tornou-se num teste de stress que este novo dragão não soube superar, apesar das inúmeras tentativas, nem sempre inspiradas ou objetivas, mas num cerco que atacou por todos os lados. Vinte e três pontapés de canto foram um bom exemplo disso, mas foi mesmo o Rio Ave que voltou para casa com um ponto saboroso, enquanto que o FC Porto deixa escapar dois. Há jogos assim, dirão muitos. O problema para os azuis e brancos é que já teve muitos desses esta época, ou alguns em que, ao contrário de ontem, não fez por merecer melhor desfecho. O segundo lugar e a fasquia da Liga dos Campeões, onde está o Benfica, pode ficar já a seis pontos, enquanto que o Sporting

terá oportunida­de de aumentar o fosso para sete, quando conseguir defrontar o Famalicão.

Do jogo, poderíamos ir buscar o guião de tantos outros. O RioAvepreo­cupou-seemocupar os últimos 40 metros da forma mais densa possível. O desafio de Luís Freire era tapar os caminhos por dentro, por onde vários jogadores procuravam combinaçõe­s, mas sem destapar as extremidad­es, por onde Galeno e Francisco Conceição, suportados pelos laterais, tentavam furar. Claro, mais não fosse pelas diferenças individuai­s, nem sempre a fórmula de Vila do Conde funcionou, mas, no limite, esteve lá o guarda-redes Jhonatan.

Logo nos primeiros minutos, o árbitro reviu as imagens para reverterum­penáltique­assinalara sobre Evanilson. Aos 12’, o Dragão celebrou, mas Galeno estava adiantado por quatro centímetro­s e, perto do fim da primeira parte, outro golo anulado, a Evanilson, por um forade-jogodeWend­ell.DoRioAve, a uma distância em que Diogo Costa conseguiss­e identifica­r os números dos calções dos adversário­s, viu-se muito pouco. Contudo,suficiente­paraassust­ar, num remate cruzado de JoãoTeixei­raquepasso­uàbeirinha do poste. Foi aos 15 minutos e, até ao fim, não se voltou a ver algo parecido do Rio Ave, que contava, sobretudo, com o poderio físico de Boateng, muito curto para servir de solução. Do outro lado, o acampament­o do FC Porto ficava cada vez mais perto da área de Jhonatan. Neste desafio à imaginação, Francisco Conceição era quem mais desequilíb­rios criava, por muito que os defesas pudessem supor o que ele iria fazer com a bola. A parte final, por sinal a mais importante, é que continuava a faltar, por entre desvios providenci­ais e a segurança de Jhonatan.

Os nervos e a ansiedade começavam a notar-se, inflamados pelo cansaço. Mesmo com quase 30 minutos sem uma oportunida­de flagrante, até perto dos 90’, montou-se um cerco a fazer lembrar o que ficou na história da Invicta. Só faltava Diogo Costa virar o flanco num meio-campo de ninguém ou também ele tentar o que ninguém conseguiu: marcar.

 ?? ?? João Mário cedeu o lugar a Gonçalo Borges perto do fim
João Mário cedeu o lugar a Gonçalo Borges perto do fim
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal