Silêncios cúmplices
1 No Estádio José Gomes, com cabeceira ocupada por lona publicitária, centenas de benfiquistas com bilhete pago “adivinharam” o jogo através do som ambiente que lhes chegou de dentro do estádio; muitos outros conseguiram entrar apenas quando o jogo avançava rápido pela primeira parte dentro; e todos os que o destino mandou para uma bancada a que chamam pomposamente de “central nascente” ficaram mal acomodados e com deficiente visibilidade. Passaram seis dias e não se conhece posição da Liga.
2 No relvado, a equipa começou por parecer querer dar razão ao jornalista da RTP que, deturpando grosseiramente a realidade, questionou Schmidt sobre o avanço que o Benfica vinha dando aos adversários nos últimos dez jogos: entrou apática, com futebol denunciado e… deu avanço ao adversário! Depois, sim, assistimos a uma gostosa remontada!
3 Entre um resultado de 10-0 e outro de 8-0 vai a diferença de dois golos, certo? Errado: a nossa cabazada ao Nacional foi apresentada como exemplo da falta de competitividade da liga e foi ainda razão de crítica porque desrespeitámos o adversário ao não tirar o pé do acelerador – como se não tivesse o clube perdido já um campeonato por diferença de golos. Pedro Moreira, treinador do Casa Pia, por certo ciente das suas incapacidades, afirmou antes da visita a Alvalade que “tudo o que não seja perder será algo de inesperado”. Com essa mentalidade, com essa predisposição, caro Pedro, inesperado foi ter levado só oito.
4 Se a contratação de jogadores tão novos – Marcos Leonardo (20 anos), Álvaro Carreras (20), Rollheiser (23) e Prestianni (18) – tem como objetivo primário a atempada preparação do futuro, penso que a janela de janeiro é a mais apropriada para o efeito. Todavia, os impacientes adeptos, que sempre dão corpo à expressão “o futebol é o momento”, que sentem lacunas na equipa e reconhecem a importância transcendental deste campeonato, querem é vê-los a render – e já – rumo ao 39. Tem a palavra Roger Schmidt.
5 Na semana em que lemos que o FC Porto falhou o pagamento de Iván Jaime – depois de lermos que falhou o de Navarro –, voltou o clube a socorrer-se da mesmíssima fonte, o Famalicão, para contratar o central Otávio Ataíde. Colocando de lado o
Da “Operação Pretoriano” prefiro relevar os silêncios dos que estão cá fora e não se sentarão no banco dos réus: os dirigentes do FC Porto, também os da FPF
grotesco de uma situação que diz respeito aos clubes envolvidos, importa questionar se não serão estes “defaults”, também eles, uma forma de concorrência desleal.
6 Da “Operação Pretoriano” prefiro relevar os silêncios dos que estão cá fora e não se sentarão no banco dos réus: os dirigentes do FC Porto, cúmplices das más práticas da claque, também os da FPF, que escolheram Madureira para líder da claque da equipa nacional, as forças de segurança e o poder judiciário, pela continuada inação, e ainda todos aqueles que estiveram calados durante anos e aparecem agora, com desfaçatez de virgens ofendidas, alinhados com as críticas dirigidas aos prevaricadores.