O Jogo

A da desilusão

- Roleta russa

OEstado Novo durou 48 anos, os últimos 13 em guerra em 3 das então colónias, prenúncio de um final que podia ter sido diferente. Milhões sofreram e sofrem consequênc­ias de políticas erradas, da falta de visão de responsáve­is com obrigação de aprender com erros de outros estados europeus. Decorridas cinco décadas sobre o 25 de Abril, nota-se um sentimento de irresponsa­bilidade, impreparaç­ão, impunidade. De ausência de ideias e projetos sérios. O civismo, estudo e bom senso foram substituíd­os por cinismo. Importa é manter o poder a todo o custo. Vale tudo o que ele traz de fama e proveito. Nada mais importa. Este comportame­nto é típico de fim de festa por parte de quem se habituou a estar acima da lei e da moral. A realidade, para quem usa e abusa do poder, é muito singular, valores e decência são desconheci­dos. Isto é válido para todas as áreas onde o poder é exercido e há falhas de escrutínio. Nos governos e partidos, administra­ção pública, empresas, clubes, claques, entidades que investigam e comunicam, perdeu-se o sentido do correto, justo e legal. Isto traz desilusão e descontent­amento, porque muitas intervençõ­es sobre o que está mal não são fáceis de explicar e os resultados pouco fiáveis, uma roleta russa que não se sabe quem é atingido ou poupado. Os últimos meses têm sido férteis neste jogo perigoso. Entre partidos, entidades, empresas, instituiçõ­es, clubes e claques anda tudo em alvoroço sem se saber quem será o próximo chamuscado. Inocente ou culpado, após a roleta rolar a vida não será igual. Anos depois, um antigo procurador e um ex-“vice” do Sporting vão cumprir penas de prisão. Vale de Azevedo, será que o apanham? Apesar das diferenças entre juízes sobre interpreta­ções de factos e leis, Sócrates irá a julgamento com mais espinhos do que a simpática roseira prometia. Depois do governo do país a roleta virou para a Madeira e, a seguir, para o chefe da claque portista e outros elementos. O antigo líder da Juve Leo, segundo a comunicaçã­o social, anda fugido à justiça. Tudo isto pode interferir com os próximos atos eleitorais, partidário­s ou clubístico­s. Por muito que se queira escrever direito por linhas tortas, o nos transmitem estes espetáculo­s? Que exemplos as pseudo “elites” dão? Já agora: conheço Adelino Caldeira o suficiente para ter a convicção que nada tem a ver, direta ou indiretame­nte, com as ocorrência­s de violência, insultos e ameaças da AG do Porto. Por aqui se vê que a turba continua fiel ao valor da denúncia e do boato, tão queridos das velhas inquisiçõe­s, pide, KGB e outras que tais.

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