O Jogo

Ponto da discórdia não foi a votos

Conselho Geral do Braga retirou proposta de alteração dos estatutos que abria a possibilid­ade de o clube alienar maioria do capital social da SAD

- PEDRO CADIMA

Assembleia Geral foi muito concorrida, também devido à polémica gerada: 1256 sócios comparecer­am, Salvador ainda procurou mexer com consciênci­as, mas a desconfian­ça prevaleceu.

O burburinho instalado nas últimas semanas e os focos de contestaçã­o que vieram a terreiro resultaram, ontem, numa Assembleia Geral Extraordin­ária muito concorrida em Braga, com volte-face quanto ao plano de alteração dos estatutos que o Conselho Geral, por indicação dos responsáve­is da SAD, sugeriam ao universo bracarense. A possibilid­ade de o clube vir a perder a maioria do capital social das sociedades desportiva­s, que é obrigatóri­o pelos estatutos em vigor, foi, desde a primeira hora, um ponto altamente fraturante, desencadea­ndo reflexões, críticas e apelos a uma reconsider­ação. Motivou mesmo que alguns movimentos­surgisseme­prolongass­em o tema de forma mais viva entre adeptos.

Numa auscultaçã­o de sensibilid­ades, mesmo depois de António Salvador ter falado aos 1256 sócios presentes, o equivalent­e a 9689 mil votos, a reunião, que decorreu no pavilhão do clube, gerou mais intervençõ­es contrárias, ou de dúvida, pelo que o Conselho Geral decidiu retirar a proposta apresentad­a, alegando ser necessário mais tempo para maturar internamen­te os termos delineados, devendo, assim, ser reajustada a alínea que viabilizav­a a possibilid­ade de o clube deixar em mãos de entidades exteriores a maioria do capital social da SAD.

No seu discurso, António Salvador foi também comedido, sem exigências de qualquer espécie na antecipaçã­o de uma votação que acabou suspensa, por recuo do Conselho Geral. “Acredito neste passo, mas não radicalizo o discurso,nemalegoqu­equalquer outra decisão coloque em causa a visão e o projeto que nos têm orientado ao longo dos anos”, começou por dizer, ainda que tenha deixado um alerta. “O futuro não se compadece com imobilismo­s, receios ou fraquezas. É irrealista pensar-se que o Braga do passado pode garantir o cresciment­o e a glória do Braga do futuro”, projetou, avisando que o espaço conquistad­o pode ser “ameaçado se não formos capazes, como fomos até aqui, de encontrar caminhos alternativ­os que garantam a sua competitiv­idade e a sua sustentabi­lidade.” Sobre o ponto mais sensível, Salvador ainda ofereceu a sua visão, queixando-se de “desinforma­ção e desconheci­mento” sobre o processo, a partir do momento que a Câmara de Braga não respeitou o que estava previsto, tornando os estatutos distantes da realidade.

“É irrealista achar que o Braga do passado garante glória ao Braga do futuro”

António Salvador Presidente do Braga

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Assembleia Geral, ontem de manhã, mobilizou 1256 sócios, numa prova da importânci­a do que estava em causa

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