MP PEDE PRISÃO PARA MACACO
PRETORIANO Medidas de coação serão conhecidas esta tarde, enquanto o FC Porto estiver a jogar com o Santa Clara
Procuradora considera Madureira líder do grupo que criou clima de intimidação e violência na AG. Hugo “Polaco” também pode continuar detido e Vítor Catão em prisão domiciliária.
●●● Coincidência ou não, será enquanto o FC Porto estiver a disputar com o Santa Clara um lugar nas meias-finais da Taça de Portugal que Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, irá saber se vai ficar a aguardar julgamento em prisão preventiva, conforme requer o Ministério Público (MP). Os 12 elementos detidos na semana passada, no âmbito da Operação Pretoriano, estão convocados para se apresentarem no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto a partir das 16 horas para conhecerem as decisões do juiz Pedro Miguel Vieira. Do referido grupo de arguidos, apenas três não ficaram em liberdade: Fernando Madureira, Hugo Carneiro “Polaco” e Vítor Catão.
A promoção do MP, etapa na qual a procuradora fundamentou os crimes pelos quais cada arguido deve ser indiciado (ver peça ao lado), foi feita ontem de manhã. Macaco – indiciado pelos crimes de ofensas à integridade física, coação agravada, ameaça, além de instigação pública a um crime e arremesso de objeto – e Hugo “Polaco” arriscam ficar em prisão preventiva, enquanto Vítor Catão (que optou por não prestar declarações) em prisão domiciliária. De resto, todos os outros arguidos, incluindo Sandra Madureira, esposa de Fernando, deverão aguardar julgamento em liberdade, mas obrigados a apresentações periódicas às autoridades e sem poderem contactar entre si. Isto se o juiz Pedro Miguel Vieira “aceitar” a promoção do MP, sendo que também é improvável que a agrave. Em causa estão crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação. A procuradora terá considerado que Fernando Madureira e Hugo “Polaco” foram os responsáveis por organizar o clima de terror que se viveu na Assembleia Geral do FC Porto e que Vítor Catão terá sido “aliciado” pelo líder da claque.
Ao início da tarde de ontem, os advogados apresentaram as respetivas posições ao juiz, procurando atenuar a situação do respetivo constituinte. Só então ficou a saber-se que as medidas apenas seriam conhecidas hoje, até porque o juiz tem em mãos uma fundamentação jurídica naturalmente complexa, por estarem 12 arguidos envolvidos. Entretanto, ordenou a libertação de seis deles, sobre os quais o MP não pediu medidas de coação privativas da liberdade.
Sendo assim, às 18 horas abandonaram a esquadra da Bela Vista Fernando Saúl, Hugo Loureiro, José Pereira e os dois Vítor Oliveira (pai e filho). Saíram todos com a cara tapada e à espera tinham dezenas de familiares e amigos. “A libertação do meu cliente era esperada e justa. Ele explicou tudo e se alguma dúvida houvesse foi descartada pela forma como explicou. Já estava à espera que saísse em liberdade”, referiu Cristiana Carvalho, advogada de Saúl, o oficial de ligação aos adeptos do FC Porto.
Sandra Madureira solta, mas sem poder ir à bola António Sá e Tiago Aguiar (indiciados apenas por ofensa à integridade física) e Carlos Nunes “Jamaica”, recorde-se, já tinham sido libertados no sábado, pelo que só Vítor Catão passou esta noite na prisão da Bela Vista – Macaco ficou em Santo
HORAS 16
Arguidos e advogados foram chamados ao TIC para conhecerem as medidas de coação à hora do pontapé de saída do Santa Clara-FC Porto
T ir so–eé de lá que será encaminhado para o TI C paras aber se o juiz mantém a sugestão do MP de lhe aplicar a prisão domiciliária com vigilância eletrónica.
Por volta das 19h25, foi a vez de Sandra Madureira deixar a esquadra de Santo Tirso, onde estava detida há quase uma semana. Sentada no banco de trás do carro do seu advogado, Miguel Marques Oliveira, e com um casaco a tapar a cara, a v ice-presidente dos Super Dragões seguiu para casa, em Vila Nova de Gaia. O MP pede, como medidas de coação, a interdição de acesso a recintos desportivos, obrigação de apresentação na PSP em dias de jogos internacionais, proibição de aproximação a recintos desportivos desde 30 dias antes do evento, proibição de contactos com arguidos (exceto o marido) e testemunhas e, ainda, proibição de frequência da sede da claque portista.