O silêncio alimenta teorias da suspeição
Tantas vezes incompreendidos e condenados sem direito a julgamento sério, sobretudo por comentadores que desconhecem o que é estar em campo ou no banco – o que se lamenta, porque a ignorância ou a falta de formação no desporto nunca será motivo de festa –, os treinadores são quase sempre grandes emissores de opinião válida. No meio de tanta patetice a propósito do adiamento do encontro do Sporting em Famalicão, Rúben Amorim desiludiu todos aqueles que deram corda à tese de uma cabala, argumentando no sentido certo, de uma infeliz coincidência que deixou os leões no segundo lugar da Liga, sem culpa nenhuma. Amorim, já prejudicado, e Conceição, que poderá ter um problema parecido um dia destes, como qualquer outro treinador, tiveram ainda o discernimento de mostrar compreensão em relação à luta das forças segurança. Claro que já todos ouvimos declarações despropositadas de treinadores, sobretudo quando os objetivos escapam, mas esse enquadramento, sem servir de desculpa, tem de ser considerado.
O futebol merece que os seus protagonistas mais válidos tenham voz. E há muitos, claro está, não são apenas os treinadores. Por exemplo, os casos e casinhos, às vezes tão difíceis de perceber, que marcam as decisões de arbitragem, justificam que a tutela se pronuncie. Certamente, boa parte das decisões tem explicação razoável. Ou então, não. Fica a dúvida. Porque o silêncio, esse, não deixa dúvidas a ninguém, só serve mesmo para alimentar as teorias da suspeição.
Rúben Amorim enterrou de vez a tese da cabala em relação ao adiamento do Famalicão-Sporting e, como Sérgio Conceição, até demonstrou compreensão em relação à luta das forças de segurança.