O Jogo

Ceferin anuncia o adeus com estrondo

Presidente da UEFA disse que não se recandidat­a em 2027 e atacou de forma violenta o ex-diretor Zvonimir Boban e a Superliga

- NUNO VIEIRA

O 48.º Congresso da UEFA tinha tudo para correr bem ao esloveno, mas este acabou por protagoniz­ar a grande surpresa do evento, ao anunciar que não está disposto a continuar após o fim do mandato, em 2027.

“Estou cansado, é muito ●●● tempo longe da minha família. Decidi não concorrer às eleições de 2027.” Foi desta forma que Aleksander Ceferin se dirigiu aos jornalista­s na conferênci­adeimprens­aapósoCong­resso da UEFA, que decorreu ontem de manhã em Paris. Depois de ter visto as 55 federações europeias, todas com igual poder de voto, aprovarem a alteração de alguns pontos dos estatutos, com especial foco na que lhe permitia recandidat­ar-se no próximo ato eleitorale­permanecer­nocargoaté 2031 (seria considerad­o que a substituiç­ão de Platini, em 2016, não entrava nessas contas), o dirigente máximo do futebol europeu explicou a sua decisão com fortes ataques a Zvonimir Boban, antiga estrela do futebol croata que nas últimas semanas abandonou o cargo de diretor da UEFA em oposição a esta regra. “Tenho uma vida magnífica no futebol, mas também tenho uma vida magnífica fora do futebol. Quandoaban­donar,possoconti­nuar a olhar-me ao espelho”, disse, passando ao ataque a Boban... sem ser necessário referir o seu nome. “Tenho duas frases curtas para os autoprocla­mados defensores da moralidade. Vocês sabem de quem eu estou a falar, é alguém a quem deixo uma palavra sobre a sua patética posição sobre a moralidade. Ele era das poucas pessoas que sabia que eu não iria concorrer em 2027. Quando soube que iria revelar isso após este congresso, perdeu a paciência ao escrever uma carta narcisista. Agora, as queixas dele deixaram de fazer sentido. Perguntem-lhe agora que aspirações devemos questionar”, atirou Ceferin, que deixou também fortes críticas aos jornais ingleses, com quem tem mantido uma guerra nos últimostem­pos.“Hoje,equando sair do futebol, posso olharme ao espelho. Quando quiserem escrever sobre questões jurídicas minhas ou da UEFA, pelo menos perguntem-me antes”, reagiu. Durante o congresso, no seu discurso, Ceferin foi particular­mente corrosivo com os promotores da Superliga Europeia, tema que agita o futebol internacio­nal. “O futebol tem um modelo democrátic­o, assente no mérito desportivo e devemos protegê-lo. Felizmente, a maior parte dos agentes deste desporto defendem estas ideias. Há, no entanto, quem tente pisar estes 70 anos. Pretendem ser os salvadores do futebol, mas estão apenas a cavar o túmulo deste desporto. Fazem-se de vítimas mas são predadores. Falam de liberdade, mas não sabem nada de liberdade. Parece que todos podem comprar qualquer coisa, mas a nossa perspetiva não é essa. Não queremos esse tipo de Europa. Há uma série de indivíduos que tentam dividir em nome do livre mercado, para favorecer um pequeno cartel de clubes. Cada clube pode participar na competição que deseja, outros querem ter cada vez mais, sem querer saber dos que ficam com menos, mas os sonhos e o mérito desportivo são valores que não podem ser comprados”, defendeu de forma veemente.

“É muito tempo longe da família. Decidi não concorrer em 2027”

“Tenho uma vida magnífica no futebol, mas também tenho vida magnífica fora do futebol” Aleksander Ceferin Presidente da UEFA

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Aleksander Ceferin só fica mais três anos no cargo

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