“Gostava de subir pelo Salgueiros”
Capitão do Salgueiros, onde joga há três anos, Diogo Valente chegou aos 500 jogos. Ainda dói o objetivo falhado na última temporada, mas não atira toalha ao chão quanto ao seu futuro e ao do clube.
PEDRO CADIMA
Venceu uma Taça pela ●●●
Académica, estreou-se na Liga pelo Boavista, vive a eterna juventude no Salgueiros, aos 39 anos, e guarda a mágoa de ter falhado no FC Porto, onde fez um de 500 jogos agora cumpridos como sénior.
Como lida com esta marca dos 500 jogos?
—É uma marca bonita, não tinha ideia de que estava a completar 500 jogos. É gratificante, numa carreira já longa, fazê-lo num clube com tanta história e que ficará, para sempre, como um dos que mais me marcaram. Sem dúvida que é um momento interessante da minha carreira.Unicamentetinhanoção dos jogos aproximados feitos em cada clube; tinha ficado a um de fazer 100 pela Académica. E, lá está, a Académica é outrolugarespecialdomeutrajeto, onde conquistei uma Taça de Portugal.
O momento do Salgueiros não acompanha este momento individual...
—Temos de assumir que estamos muito aquém do que pretendíamos,etemosdeassumir que o objetivo passou a ser a permanência. Por tudo o que foi esta época, orçamento baixo, plantel muito jovem, série competitiva...
Deixar de jogar sem subir o Salgueiros será duro?
—Há uma mágoa, mas mais pelo ano passado. Fizemos uma grande campanha e não merecíamos aquele golo sofrido no último minuto em Lourosa. Dava a subida, e é algo que aindahojeestápordigerir.Sentíamos que seria naquele ano o regresso às competições profissionais, algo necessário para os adeptos e para a história do clube. Necessita de se reerguer e voltar ao nível que já andou. Esta é a minha terceira época; naprimeiratambémdevíamos ter feito muito mais, porque o investimento foi forte. Agora vamos ver o futuro. Só no final vou avaliar a situação a nível físico, mental e motivacional paraversevoujogar.Aindagostava de ficar marcado por uma subida no Salgueiros.
Aos 39 anos, como explica esta longevidade?
—A verdade é que hoje me cuido mais. Tenho de perceber a importância da parte física, issoenvolvedescanso,alimentação, aspetos musculares. Se perco faculdades, tenho de saber compensar. Sinto-me bem e tenho mostrado bons números, que me faltaram antes. Ganhei experiência, melhor posicionamento e entendimento da parte tática.
E como é a mudança de chip entre ser profissional e estar a este nível?
—Não é fácil, consegue-se pela paixão pelo jogo, motivação em treinar e jogar. Assim continuo com a chama acesa. Sin
“A mágoa de não ter subido é mais forte pela época passada, pelo golo sofrido em Lourosa. Era o nosso ano”
“Entreguem-se com paixão. O tempo não volta atrás. Devia ter dado mais, são momentos muito bons, dou esse conselho”
“Na altura em que assinei pelo Braga, tive proposta do Celta. Mais novo podia ter ido para o West Ham”
to falta da ribalta e sinto que não valorizei convenientementea carreira. São coisas que não voltam atrás. Devia ter dado muito mais e dou esse conselho: entreguem-se com toda a paixão, porque são momentos muitos bons, outro nível em tudo, em condições. Quando caímos, sentimos uma diferença abismal.
Define um top 3 de clubes que o realizaram?
—Acho que fui um excelente profissional por onde passei, mas há clubes que marcam mais. No Salgueiros consegui ter sucesso já com certa idade e ser acolhido no núcleo da alma salgueirista. Fiz grandes épocas em Coimbra, numa delas venci a Taça, é algo que fica na história de qualquer jogador, ainda para mais num clube que não era favorito. Tenho de juntar o Boavista ao top 3, por me ter lançado no futebol profissional; deu-me a oportunidade de aparecer e mostrar o meu valor. E o Beira-Mar, onde dei os primeiros pontapés.
No estrangeiro também se enriqueceu?
—Foram boas experiências, tanto na Roménia como na Turquia. Adorei estar fora. Fiquei com a sensação, mesmo jogando em bons clubes de Portugal, quede vi ater arriscado outras saídas. Tive ofertas de Espanha e Inglaterra. Na altura que assinei pelo Braga, tive proposta do Celta. Mais novo podia ter ido para o West Ham. Quando fui para o Cluj, olhei à parte financeira, porque tinha 27 anos. Desportivamente, podia ter si domais benéfico ir para o Celtic, e chegou a estar tudo acertado. Mas não me posso arrepender, porque joguei a Champions pelo Cluj.