A desunião só nos enfraquece
Saberão alguns leitores, que me conhecem, que trabalho fora de Braga, mais precisamente em Matosinhos. Tenho um grupo de cinco amigos, com quem almoço uma vez por mês, que são adeptos de futebol: um portista, um benfiquista, um sportinguista, um boavisteiro e eu, bracarense. Esta semana almoçámos e falou-se de política (muito) e de futebol, claro. Orgulhei, desde logo, o meu discurso com a recente vitória dos sub-19 em Belgrado, que garantiu a passagem dos jovens arsenalistas aos oitavos-de-final da Champions Youth League. Engrandeci a minha narrativa ao falar da Academia do Braga e da formação e todos os convivas, sem exceção, concordaram que o Braga tem sido o clube que mais tem crescido em Portugal, nos últimos anos, no que diz respeito à estratégia de formação, com efeitos concretos no futebol profissional, não só nos jogadores, mas também nos treinadores. Até que o boavisteiro me falou do castigo inusitado do Conselho de Disciplina ao Braga pela exibição, pela claque bracarense, de uma tarja de insulto…ao próprio presidente do Braga. E logo os outros falaram sobre a mais recente Assembleia Geral, que parece ter servido também para que os associados ligados à claque veiculassem a sua visceral hostilidade contra o presidente do próprio clube. Pediram-me para explicar por que é que isto se passa e eu, sinceramente, não lhes consegui explicar. Porque, na
Entristece-me a crispação entre alguns associados e o presidente
verdade, não sei. Gostaria muito que não fosse assim. Falámos muito, no almoço, sobre como as claques são, por vezes, instrumentalizadas para manter o poder instituído (o exemplo do FC Porto e dos SuperDragões) ou para mudar o poder instituído ( o exemplo de Bruno de Carvalho, membro de claque que, com a ajuda das claques sportinguistas, chegou a presidente de clube e que mantêm, atualmente, a sua carreira como DJ e entertainer em discotecas da terceira divisão). A verdade é que me entristece muito, como sócio que para o próximo ano faz 50 anos de associado, assistir a esta crispação e hostilidade entre alguns associados (mas que pelo seu empenho e especial paixão são importantes para a afirmação do nosso clube) e o presidente da Direção, que, independentemente de podermos discordar de um ou outro aspeto da sua governança, tem feito um trabalho de crescimento sustentado com muito mérito, reconhecido em Portugal e na Europa. Para crescermos precisamos de união, pois a desunião só enfraquece. E, para unirmos o que está cindido e desavindo, alguém tem que dar o primeiro passo…