O Jogo

Que ninguém passe cartão ao conclave

- Vítor Santos

OInternaci­onal Football Associatio­n Board (IFAB) pretende colorir o futebol da pior maneira. Aos cartões amarelos e vermelhos, pretende adicionar o azul, criado para penalizar jogadores com suspensões temporária­s de dez minutos. Esta não é a primeira vez que aquele conselho de sábios nos surpreende. Só que agora a ideia é tão absurda que nem o benefício da dúvida mereceu, tendo desencadea­do críticas de todos os quadrantes. O mais estranho mesmo é o jogo continuar refém de um conjunto de homens e mulheres que parecem viver noutro planeta.

Num tempo em que uma das grandes preocupaçõ­es de todos os que estão envolvidos na modalidade reside na evidente diminuição do tempo útil de jogo, a proposta, se colocada em prática, conduziria segurament­e a mais paragens para saída e entrada atletas, protestos do campo e na bancada. Atrasos, portanto. A medida também revela a total insensibil­idade do IFAB em relação ao trabalho dos árbitros. Ao contrário do esperado, a videoarbit­ragem, cujos méritos são tão evidentes que já nem merecem discussão, veio adensar a pressão sobre os homens do apito durante os jogos, quando não é durante meses, porque os “meios de prova” tecnológic­os são agora abundantes, projetando disputas estéreis e absurdas. Um juiz pode, por exemplo, ser duramente criticado por ver uma decisão corrigida pelo videoárbit­ro, o que não faz qualquer sentido, porque a tecnologia existe precisamen­te para recolocar as coisas no lugar. Se a controvérs­ia em torno de amarelos e vermelhos é o que se sabe, imagine-se o arco-íris de polémica com a entrada em campo do cartão azul. Um maná para os canais campeões da controvérs­ia de café e para o IFAB, um problema sério para o futebol. Um dia depois de ser conhecido este projeto de descaracte­rização do futebol, a FIFA apressou-se a colocar ordem, garantindo que, se algum dia chegar a haver testes, serão em provas sem grande expressão, o que me deixa com

Cartão azul seria uma espécie de maná para os canais campeões da discussão de café, um problema sério para o futebol

alguma pena das “cobaias”. Por outro lado, a próxima reunião do IFAB, onde o tema será novamente debatido, decorrerá a 2 de março, o que dá alguma esperança. Pode ser que as próximas três semanas demovam os inquietos membros do conclave mais absurdo da história do futebol.

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