Fala-se português nos líderes mundiais
Entre 30 ciclistas e 74 elementos do staff, Morgado, um médico e um mecânico juntaram-se a Almeida, aos Oliveiras e a Bruno Lima
O inglês é a equipa oficial da equipa dos Emirados, onde se fala o italiano da original Lampre e cresce o português a cada ano que passa. “Temos um ambiente latino e isso é sempre melhor”, diz Bruno Lima.
CARLOS FLÓRIDO
O esloveno Tadej Pogacar é o líder mundial, o inglês Adam Yates o oitavo, o português João Almeida o décimo, o suíço Marc Hirschi o 12.º e o espanhol Juan Ayuso o 28.º. Todos somados, fazem da UAE Emirates a primeira equipa do ranking, mas na verdadeira Babel que as nacionalidades dos líderes já denunciam há uma zona portuguesa sempre a crescer, sendo já maior em número de ciclistas. Ao caldense soma-se este ano o conterrâneo António Morgado, os gémeos gaienses Ivo e Rui Oliveira estão há seis anos na formação e, no staff, além do já famoso Bruno Lima, massagista com dez anos de casa, entrou este ano o médico Filipe Lima Quintas e regressou o mecânico Hilário Coelho.
“Conversa-se cada vez mais português na equipa, e ainda bem, porque um ambiente latino é sempre melhor. A língua mãe da equipa é o inglês, mas fala-se muito italiano – continua a ser a maioria do staff – e também em português”, conta Bruno Lima a O JOGO. O massagista poveiro já é um poliglota, lembrando que fala “inglês, italiano como segunda língua, espanhol e francês, além do meu português”, não se cansando da vida de ciclista: “É o meio em que cresci, a minha segunda casa desde que era ciclista”. Lima, recorde-se, foi sprinter do Boavista.
“A equipa está totalmente diferente dos anos em que entrei, como Lampre, e até dos primeiros como Emirates. Não é fácil criar um grupo coeso com tanto staff e corredores. Fomos crescendo até sermos dos maiores do mundo”, completa Lima, que entrou na equipa como massagista de Rui Costa. Depois deu-se um salto, graças a um prodígio. “O Tadej [Pogacar] é cinco estrelas. Um atleta excecional, o nosso fenómeno, aquele que nos fez crescer a equipa”, lembra.
Atualmente, além dos 30 corredores, a direção e staff da UAE Emirates tem 74 elementos. Filipe Lima Quintas, médico da Seleção Nacional de ciclismo e do Comité Olímpico, entrou este ano para um elenco de seis treinadores, dois nutricionistas, um biomecânico e... sete médicos. “Estar aqui é diferente, embora já estivesse ligado ao ciclismo. Mas quem trabalha na medicina ligada ao alto rendimento desportivo ambiciona sempre uma experiência destas”, diz o doutor Quintas, para quem “passar o ano a viajar é uma questão de organização pessoal e profissional”.
“Esta equipa levou muita gente nos Emirados a andar de bicicleta. Essa é uma das razões da nossa existência num país com elevado número de pré-diabéticos” Bruno Lima Massagista da UAE Emirates