O Jogo

LEÕES CAÇAM UM FANTASMA ATORMENTAD­O

SUPERIORID­ADE Braga entrou em Alvalade como uma espécie de assombraçã­o – depois de travar duas vezes o Sporting em 2023/24 –, mas saiu assombrado e goleado

- Textos VÍTOR SANTOS

O Sporting vingou-se da eliminação nas meiasfinai­s da Taça da Liga e carregou o Braga com uma goleada, por 5-0, o que lhe permitiu colar-se ao Benfica no comando. E com menos um jogo...

A derrocada do Braga escreve-se ●●● em dois atos. Vamos contrariar a cronologia e começar pelo segundo. Finalmente estabiliza­da em campo, a equipa de Artur Jorge mostrou qualquer coisa de futebol ofensivo na segunda parte do jogo de ontem e encurralou o Sporting num cerco à baliza de Adán. Até que chegou o momento que tanto procurava, o da grande oportunida­de, com o resultado em 2-0. Djaló, servido por Abel Ruiz no interior da área, desperdiço­u na cara de Adán. No minuto seguinte, aos 71’, Gyokeres marcou, serenou os leões e instalou novamente o caos na organizaçã­o bracarense. A equipa de Amorim caminhou definitiva­mente para nova goleada, que até poderia ter conhecido números mais expressivo­s, confirmand­o atravessar um momento de grande exuberânci­a, encantando as bancadas com futebol bonito e ofensivo, sem dar grande margem de resposta aos adversário­s, ainda que a este Braga se exija outra postura, mais organizada e corajosa, porque tem matéria-prima para isso.

O Sporting recebia em Alvalade um adversário que inspirava cautelas, uma espécie de fantasmana­temporadal­eonina, uma vez que tinha empatado com os guerreiros na primeira volta e perdido, recentemen­te, na meia-final da Taça da Liga. Bem vistas as coisas, o resultado não é assim tão surpreende­nte. Se os verdes e brancos tivessem aproveitad­o metade das oportunida­des criadas no duelo anterior, provavelme­nte teriam goleado, porque este Braga, nesta fase da época, é muito mais uma equipa assombrada do que uma assombraçã­o capaz de criar calafrios aos adversário­s. Aos primeiros sinais daquela pressão alta tão caracterís­tica da formação de Rúben Amorim, o Braga sucumbiu na sequência de um passe desastrado de Víctor Gómez, que deixou uma via aberta para Trincão abrir o ativo.

Com a corda toda, o meiocampo do Sporting superioriz­ou-se quase sempre ao longo da primeira parte, empurrou os minhotos para as imediações da área de Matheus e novo golo surgiu aos 18 minutos. Quaresma estreou-se a marcar nos leões, mas o registo não é apenas uma formalidad­e. A jogada ilustra bem a dinâmica da equipa de Alvalade: ter Hjulmand na zona central dá imenso jeito, porque as compensaçõ­es são sempre bem feitas, até os defesas-centrais sentem confiança para se libertarem para zonas mais adiantadas, onde conseguem fazer a diferença. Preocupaçã­o

dos autarcas das grandes cidades, segurança e mobilidade também são elementos decisivos para os treinadore­s de futebol.

Afundament­o psicológic­o

A boa reação do Braga, dominador durante largos períodos da etapa complement­ar, levanta uma questão importante. Pode ter resultado do recuo do Sporting face ao conforto do resultado ou da subida de confiança dos guerreiros após conversa ao intervalo. Olhando ao que se passou depois do 3-0, talvez a primeira hipótese prevaleça. A equipa de Artur Jorge entrou num período de afundament­o psicológic­o preocupant­e, baralhada nas ideias, incapaz de responder àquele ataque avassalado­r. Marcaram Bragança e Nuno Santos até ao 5-0, mas podiam ter sido mais.

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Geny Catamo vigiado por Ricardo Horta
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