LEÕES CAÇAM UM FANTASMA ATORMENTADO
SUPERIORIDADE Braga entrou em Alvalade como uma espécie de assombração – depois de travar duas vezes o Sporting em 2023/24 –, mas saiu assombrado e goleado
O Sporting vingou-se da eliminação nas meiasfinais da Taça da Liga e carregou o Braga com uma goleada, por 5-0, o que lhe permitiu colar-se ao Benfica no comando. E com menos um jogo...
A derrocada do Braga escreve-se ●●● em dois atos. Vamos contrariar a cronologia e começar pelo segundo. Finalmente estabilizada em campo, a equipa de Artur Jorge mostrou qualquer coisa de futebol ofensivo na segunda parte do jogo de ontem e encurralou o Sporting num cerco à baliza de Adán. Até que chegou o momento que tanto procurava, o da grande oportunidade, com o resultado em 2-0. Djaló, servido por Abel Ruiz no interior da área, desperdiçou na cara de Adán. No minuto seguinte, aos 71’, Gyokeres marcou, serenou os leões e instalou novamente o caos na organização bracarense. A equipa de Amorim caminhou definitivamente para nova goleada, que até poderia ter conhecido números mais expressivos, confirmando atravessar um momento de grande exuberância, encantando as bancadas com futebol bonito e ofensivo, sem dar grande margem de resposta aos adversários, ainda que a este Braga se exija outra postura, mais organizada e corajosa, porque tem matéria-prima para isso.
O Sporting recebia em Alvalade um adversário que inspirava cautelas, uma espécie de fantasmanatemporadaleonina, uma vez que tinha empatado com os guerreiros na primeira volta e perdido, recentemente, na meia-final da Taça da Liga. Bem vistas as coisas, o resultado não é assim tão surpreendente. Se os verdes e brancos tivessem aproveitado metade das oportunidades criadas no duelo anterior, provavelmente teriam goleado, porque este Braga, nesta fase da época, é muito mais uma equipa assombrada do que uma assombração capaz de criar calafrios aos adversários. Aos primeiros sinais daquela pressão alta tão característica da formação de Rúben Amorim, o Braga sucumbiu na sequência de um passe desastrado de Víctor Gómez, que deixou uma via aberta para Trincão abrir o ativo.
Com a corda toda, o meiocampo do Sporting superiorizou-se quase sempre ao longo da primeira parte, empurrou os minhotos para as imediações da área de Matheus e novo golo surgiu aos 18 minutos. Quaresma estreou-se a marcar nos leões, mas o registo não é apenas uma formalidade. A jogada ilustra bem a dinâmica da equipa de Alvalade: ter Hjulmand na zona central dá imenso jeito, porque as compensações são sempre bem feitas, até os defesas-centrais sentem confiança para se libertarem para zonas mais adiantadas, onde conseguem fazer a diferença. Preocupação
dos autarcas das grandes cidades, segurança e mobilidade também são elementos decisivos para os treinadores de futebol.
Afundamento psicológico
A boa reação do Braga, dominador durante largos períodos da etapa complementar, levanta uma questão importante. Pode ter resultado do recuo do Sporting face ao conforto do resultado ou da subida de confiança dos guerreiros após conversa ao intervalo. Olhando ao que se passou depois do 3-0, talvez a primeira hipótese prevaleça. A equipa de Artur Jorge entrou num período de afundamento psicológico preocupante, baralhada nas ideias, incapaz de responder àquele ataque avassalador. Marcaram Bragança e Nuno Santos até ao 5-0, mas podiam ter sido mais.