O Jogo

Futebol fora de jogo na agenda política

- Nuno Correia da Silva

Amenos de um mês das eleições, já com muitas dezenas de horas gastas em debates entre candidatos, o futebol tem sido o grande ausente do debate político. É verdade que a política e o futebol não se devem misturar, mas coisa diferente é não ter uma política para o futebol e para o desporto em geral. Parece que discutir o futuro do futebol, enquanto actividade desportiva, actividade económica, enquanto indústria, é terreno proibido. Como se fosse um território em erupção onde ninguém quer entrar para não sair chamuscado.

Com ou sem debate, as opções políticas impactam no futebol. A Lei que regula as SAD está longe de ser perfeita, não estimula o investimen­to de terceiros, não acrescenta nada ao modelo consagrado no código das sociedades comerciais, os accionista­s minoritári­os ficam privados de qualquer poder real de intervir, são remetidos para um estado letárgico que desencoraj­a a melhor das intenções.

O futebol de formação também pode ter outro acolhiment­o por parte do Estado. Grande parte dos clubes que captam os “miúdos da rua” são clubes de fraquíssim­os recursos económicos. Muitos deles sobrevivem pelas doações que vão recebendo dos pais dos próprios atletas. Estes clubes, mais do que escolas de futebol, são escolas de virtudes, ensinam o valor de pertencer a uma equipa, ensinam a saber perder e, sobretudo, que nenhuma derrota é definitiva, mas apenas o início de uma segunda oportunida­de. Ensinam o caminho para a vitória, com todos os percalços que lhe são próprios. Mereciam mais, muito mais do apoio do Estado.

Curiosamen­te, ou talvez não, o debate que antecede as próximas eleições legislativ­as ignora olimpicame­nte o futebol em toda a sua dimensão. Um debate que fala sobre tudo e sobre nada, desde os direitos dos “periquitos” à frequência das casas de banho das escolas, passa ao lado de um tema tão importante para tantos milhares de portuguese­s.

Curiosamen­te, ou talvez não, o debate que antecede as próximas eleições legislativ­as ignora olimpicame­nte o futebol em toda a sua dimensão.

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