O Jogo

No exame aos treinadore­s trio arranca nota elevada

- João Araújo

Sporting volta a golear Braga tenro para crescido Trincão e companhia. Em Guimarães, águias salvam-se por... um pelo, mas dragão cai em Arouca.

Não se podem fazer boas omoletas sem bons ovos, dizia há uns anos José Mourinho a uns incrédulos ingleses, naturalmen­te desconhece­dores do provérbio português que visava traduzir a incapacida­de do treinador em montar uma boa equipa se não tiver peças competente­s. Essa é uma verdade tão La Palissiana como a ideia de avaliar um técnico pela forma como tira partido dos jogadores, fazendo o todo valer mais do que a soma das partes. E se este for o método usado ao analisar o Sporting, a conclusão apontará inequivoca­mente para o trabalho de excelência de Rúben Amorim como o próprio Artur Jorge, do Braga, reconheceu, acabadinho de levar 5-0! A goleada, mais uma, dos leões aos guerreiros vale para além do peso dos números e pode sintetizar-se numa frase do técnico verde e branco, neste caso recorrendo a uma parte para ilustrar o todo: “Trincão está a sentir-se grande em campo”. Sim, as qualidades técnica e física estavam lá, mas faltava quem abrisse a cartola e as soltasse como, finalmente, está a acontecer. Amorim parece ter a poção mágica capaz de agigantar os seus “filhotes” de leão e produzir a tal... omoleta de excelência. E se há condimento que ele maneja como poucos é a motivação do balneário, parte importante mas apenas uma do tra

balho do técnico. Veremos se tinha razão ao profetizar que estaria em primeiro quando recuperar o jogo em atraso com o Famalicão...

A questão que se levanta em relação ao Sporting é como irá a Liga Europa interferir - positiva ou negativame­nte? Dentro de pouco saberemos, mas se os principais rivais continuare­m a comportare­m-se como nesta 21.ª jornada, o caminho leonino fica mais plano. Em Guimarães, Roger Schmidt deu 45 minutos de avanço ao Vitória, mostrando incapacida­de de adaptação do plano inicial de jogo às más condições do relvado bem patentes muito antes do apito inicial e à garra de uns vitorianos bem do ponto de vista físico e de se lhes tirar... o boné na vontade de vencer. Valeram às águias “São Trubin” e “São Cabral” contra o vendaval de futebol de ataque de Jota Silva e companhia, que Álvaro Pacheco soube apontar à procura das avenidas que se abriam entre a linha média

e a recuada do Benfica. O ponto ganho (ou foram dois perdidos?) colou os conquistad­ores ao eterno rival minhoto na luta pelo quarto lugar.

Um posto acima na tabela, os dragões patinaram perante a ausência de capacidade para suster a tração dianteira de um Arouca a quem Daniel Sousa lera bem a lição. O golo logo no primeiro minuto é ilustrativ­o: bola longa para a corrida de Cristo cujo entendimen­to com Mujica culminou com cruzamento e cabeçada deste para o fundo das redes. A defesa portista, desposicio­nada e lenta, ficou mal numa fotografia que teve várias réplicas ao longo da partida. Jason, também espanhol, foi o terceiro homem deste filme de terror para os azuis e brancos, que não conseguira­m, no ataque, compensar os problemas defensivos. No final, Sérgio Conceição imolouse pelo fogo da autocrític­a, mas também deixou recados. Ter-se-á lembrado da metáfora das omeletas?

 ?? ??
 ?? ?? Trincão remata para um grande golo, o primeiro dos 5-0 ao Braga
Trincão remata para um grande golo, o primeiro dos 5-0 ao Braga

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal