A crise de um Dragão intermitente
As expectativas de uma recuperação por parte do FC Porto no campeonato já não alimentam o mais otimista dos portistas. Sobra a Taça e a Champions para evitar que o resto da época seja uma via sacra.
Normalmente, as notícias que dão conta do fim das aspirações do FC Porto ao título são francamente exageradas. Aconteceu na última época, quando os dragões chegaram a deixar o Benfica cavar um fosso de oito pontos de vantagem na liderança para terminarem o campeonato a apenas dois de distância. Mas o atual cenário é diferente. Nem tanto pelos sete pontos que separam os portistas da dupla da frente, que podem ser dez para o Sporting quando os leões cumprirem o jogo em atraso com o Famalicão. Sobretudo,
pela intermitência exibicional que tem marcado toda a temporada e que se consubstancia nas quatro derrotas sofridas, igualando o pior registo da era Conceição, nos 18 pontos desperdiçados quando o anterior máximo foram 22 e, de forma ainda mais clara, nos escassos 35 golos marcados que lhe valem o quarto melhor ataque da prova a par de Arouca ou Estoril e refletem claramente as dificuldades que a equipa tem sentido no capítulo da finalização. E se é admissível que o FC Porto possa melhorar de rendimento na ponta final da temporada – piorar começa a ser complicado – é improvável que os dois rivais da frente sofram, ambos, a hecatombe que seria necessária para serem ultrapassados nas últimas 13 jornadas. Claro que o FC Porto ainda tem objetivos para cumprir. Na Taça de Portugal, onde mantém aspirações à revalidação do título, na Champions, onde se tem transfigurado, e até na corrida ao título onde, com dois clássicos para disputar no Dragão, ainda tem um palavra importante a dizer, mesmo que essa palavra não seja “campeão”.