A VERGONHA GANHA DIMENSÃO INTERNACIONAL
Braga voltou a mostrar uma defesa de papel, mas também um meio-campo sem criatividade e um ataque inócuo. Nova goleada e Liga Europa em risco
O Braga que fez frente a alguns colossos europeus na Liga dos Campeões desapareceu sem deixar qualquer rasto. Ficou uma equipa em morte lenta, sem rasgo e com futuro comprometido.
Poucos dias depois de ter ●●● sido goleado em Alvalade, o Braga voltou a dar uma imagem agoniante e hipotecou uma boa parte das possibilidades de competir na Liga Europa, face a uma derrota por número generosos perante o Qarabag, uma equipa habituada aos palcos europeus, é certo, mas desprovida de algum talento especial, ou não estivesse no 60.º lugar do ranking de clubes. Se a defesa voltou a ser uma espécie de “kryptonite” da equipa minhota, já lá vão 57 golos sofridos em 39 jogos, perante os azeris os erros alastraram-se a todos os setores, desde um meio-campo macio e sem ideias a um ataque insípido e sem qualquer ponta de entendimento entre os jogadores. Se o Braga está obrigado a responder já perante o Farense, depois de amanhã, daqui a menos de uma semana será crucial que a equipa de Artur Jorge apresente a verdadeira versão, sob pena de entregar o passaporte europeu ao Qarabag.
Sem Ricardo Horta, lesionado, o treinador arsenalista entregou a posição nove a Banza, regressado da CAN, e desviou Abel Ruiz para o flanco esquerdo, para lá de voltar a reintegrar Niakaté no onze, também de volta do torneio africano. Na teoria, tudo parecia bem encaminhado para uma noite de redenção depois da vergonha de Alvalade, assumida pelo próprio Artur Jorge, cenário que até foi ganhando corpo com algumas iniciativas atacantes dos minhotos. Só que tudo isso ruiu quando o Qarabag conseguiu acelerar o jogo e aparecer junto da baliza arsenalista, levando o incauto Víctor Gómez a cometer penálti sobre Jafarguliyev, transformado em golo por Jankovic aos 21’.
Se o Braga já denotava alguns sinais de falta de entendimento na zona ofensiva, o primeiro golo azeri acentuou essa fragilidade, sobretudo ao nível psicológico, expondo também a falta de capacidade defensiva dos arsenalistas quando o jogo acelerava. O golo do empate em cima do intervalo, marcado por Banza num lance de bola parada que também envolveu um canto de Zalazar e um cabeceamento de Niakaté, ainda disfarçou a vulnerabilidade minhota.
Mas o início da segunda parte deixou tudo em pratos limpos. O conjunto bracarense assumiu a vocação ofensiva de forma natural, mas ao subir as linhas deixou a defesa ainda mais desprotegida, tanto mais que o Qarabag depressa percebeu que uma saída rápida para o ataque seria meio caminho andado para chegar a Matheus, devido aos poucos obstáculos no trajeto. Depois de uma ameaça de Jankovic
aos 50’, Zoubir aproveitou uma bola parada, e também a passividade da defesa portuguesa, para colocar de novo os azeris em vantagem aos 54’, dando início a um período de verdadeiro desnorte do Braga, incapaz de colocar um travão nos erros e de acertar nos posicionamentos. Mais um contra-ataque aos 65’, com finalização de Juninho Vieira, e uma perda de bola de Pizzi que resultou no segundo golo da noite de Zoubir, aos 69’, ilustraram uma atuação de pesadelo para os bracarenses.
Apesar de ainda ter pela frente mais de duas dezenas de minutos, o Braga revelouse incapaz de assustar verdadeiramente o adversário e o máximo que conseguiu foi reduzir num penálti de João Moutinho, um golo que deixa uma pincelada de esperança para daqui a uma semana.