O Jogo

A VERGONHA GANHA DIMENSÃO INTERNACIO­NAL

Braga voltou a mostrar uma defesa de papel, mas também um meio-campo sem criativida­de e um ataque inócuo. Nova goleada e Liga Europa em risco

- Textos TOMAZ ANDRADE

O Braga que fez frente a alguns colossos europeus na Liga dos Campeões desaparece­u sem deixar qualquer rasto. Ficou uma equipa em morte lenta, sem rasgo e com futuro comprometi­do.

Poucos dias depois de ter ●●● sido goleado em Alvalade, o Braga voltou a dar uma imagem agoniante e hipotecou uma boa parte das possibilid­ades de competir na Liga Europa, face a uma derrota por número generosos perante o Qarabag, uma equipa habituada aos palcos europeus, é certo, mas desprovida de algum talento especial, ou não estivesse no 60.º lugar do ranking de clubes. Se a defesa voltou a ser uma espécie de “kryptonite” da equipa minhota, já lá vão 57 golos sofridos em 39 jogos, perante os azeris os erros alastraram-se a todos os setores, desde um meio-campo macio e sem ideias a um ataque insípido e sem qualquer ponta de entendimen­to entre os jogadores. Se o Braga está obrigado a responder já perante o Farense, depois de amanhã, daqui a menos de uma semana será crucial que a equipa de Artur Jorge apresente a verdadeira versão, sob pena de entregar o passaporte europeu ao Qarabag.

Sem Ricardo Horta, lesionado, o treinador arsenalist­a entregou a posição nove a Banza, regressado da CAN, e desviou Abel Ruiz para o flanco esquerdo, para lá de voltar a reintegrar Niakaté no onze, também de volta do torneio africano. Na teoria, tudo parecia bem encaminhad­o para uma noite de redenção depois da vergonha de Alvalade, assumida pelo próprio Artur Jorge, cenário que até foi ganhando corpo com algumas iniciativa­s atacantes dos minhotos. Só que tudo isso ruiu quando o Qarabag conseguiu acelerar o jogo e aparecer junto da baliza arsenalist­a, levando o incauto Víctor Gómez a cometer penálti sobre Jafarguliy­ev, transforma­do em golo por Jankovic aos 21’.

Se o Braga já denotava alguns sinais de falta de entendimen­to na zona ofensiva, o primeiro golo azeri acentuou essa fragilidad­e, sobretudo ao nível psicológic­o, expondo também a falta de capacidade defensiva dos arsenalist­as quando o jogo acelerava. O golo do empate em cima do intervalo, marcado por Banza num lance de bola parada que também envolveu um canto de Zalazar e um cabeceamen­to de Niakaté, ainda disfarçou a vulnerabil­idade minhota.

Mas o início da segunda parte deixou tudo em pratos limpos. O conjunto bracarense assumiu a vocação ofensiva de forma natural, mas ao subir as linhas deixou a defesa ainda mais desprotegi­da, tanto mais que o Qarabag depressa percebeu que uma saída rápida para o ataque seria meio caminho andado para chegar a Matheus, devido aos poucos obstáculos no trajeto. Depois de uma ameaça de Jankovic

aos 50’, Zoubir aproveitou uma bola parada, e também a passividad­e da defesa portuguesa, para colocar de novo os azeris em vantagem aos 54’, dando início a um período de verdadeiro desnorte do Braga, incapaz de colocar um travão nos erros e de acertar nos posicionam­entos. Mais um contra-ataque aos 65’, com finalizaçã­o de Juninho Vieira, e uma perda de bola de Pizzi que resultou no segundo golo da noite de Zoubir, aos 69’, ilustraram uma atuação de pesadelo para os bracarense­s.

Apesar de ainda ter pela frente mais de duas dezenas de minutos, o Braga revelouse incapaz de assustar verdadeira­mente o adversário e o máximo que conseguiu foi reduzir num penálti de João Moutinho, um golo que deixa uma pincelada de esperança para daqui a uma semana.

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Roger tenta furar a muralha defensiva do Qarabag
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