Artur Jorge “Não estivemos à altura, adeptos não mereciam”
Técnico do Braga percebe “revolta”, mas sublinha desejo de convertê-la em união e apoio. “Reflexão no imediato” é obrigatória, até para evitar que a equipa quebre
Assobiado pelos arsenalistas, que não pouparam nos lenços brancos, o treinador dirigiu-se para o túnel logo após o apito final, sem agradecer às bancadas. Saída foi descartada de forma veemente.
Além das derrotas, o Braga encaixou nove golos nos últimos dois jogos. Foram cinco contra o Sporting e, ontem, quatro diante do Qarabag
“É difícil de explicar. Temos sentido alguma intranquilidade, mas a eliminatória está a meio”
Duas derrotas e nove golos ●●● sofridos contra Sporting e Qarabag não são, para já, suficientes para arredar Artur Jorge do leme do Braga. O treinador vincou a necessidade de “refletir no imediato”, mas não atira a toalha ao chão na Liga Europa. Resposta aos lenços brancos surgiu sob forma de promessa. “Trabalhar e fazer mais”, frisou.
“Temos de refletir de forma profunda e no imediato para nos podermos juntar e não quebrar”
Análise dos jogadores foi de autocrítica. Como analisa a derrota?
—É muito difícil de explicar. Temos sentido alguma intranquilidade e de maior dificuldade de um ou outro jogador em lidar com esta exigência. Perdemos, a eliminatória está a meio. Temos de refletir de forma profunda para podermonos juntar e não quebrar. Iremos ter esta abordagem no imediato, porque depois deste jogo, em que perdemos e ficámos em desvantagem, sabemos que estamos a competir daqui a dois ou três dias e temos a decisão da eliminatória na próxima quinta-feira. Tem de ser este o espírito, não estar a explicar o que quer que seja. É difícil explicar e fazer mais do que fizemos.
Que margem dá ao Braga a desvantagem de dois golos para a segunda mão?
—Encurta a distância. Não era o resultado que queríamos, naturalmente, mas encurta. Ganhar por 3-0 será suficiente, por exemplo. Mas ficou bastante difícil para nós, por responsabilidade nossa.
Como encara a revolta dos adeptos?
—Foi, claramente, o jogo que mais me custou, pelo resultado e contestação. A revolta é, em primeiro lugar, para com o treinador, que tem sempre de dar a cara nestes momentos. Percebo claramente a insatisfação, desilusão e a tristeza... Só posso prometer que temos de trabalhar mais e fazer mais, para, em vez de revolta, termos os adeptos connosco.
Como explica esta quebra numa equipa que levantou a Taça da Liga?
—A questão do tempo é muito isto. O que foi clima de festa há 15 dias, hoje é de insatisfação e contestação, até. Espero que o tempo seja bom para nós, para podermos estar com osadeptosemsintonia,emcomunhão e a ganhar. Fico com a mesma mágoa que todos eles. Não mereciam. O que sentimos dos adeptos em todos os momentos e até termos sofrido o terceiro golo foi uma lição para nós, pela forma como nos empurraram e puxaram por nós. Fizeram a parte deles. Não estivemos à altura daquilo do que nos deram.
“A revolta é, em primeiro lugar, para com o treinador, que tem de dar a cara nestes momentos”
“O que sentimos dos adeptos até ao terceiro golo foi uma lição para nós, pela forma como puxaram”
Sente que tem condições para continuar?
—Tenho, com toda a certeza.