O Jogo

“Importante é a equipa em campo”

Adepto do Palestino percorre o longo território chileno pelo amor à camisola, chegando a fazer viagens de nove horas

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Mooris Rabi confessa alegria nas vitórias, como aconteceu na conquista da Taça do Chile, em 2018, na presença à porta na Libertador­es, mas fundamenta­l é ver uma equipa a representa­r povo sofredor.

É o adepto mais popular do Palestino, contacta com os principais jogadores e não há estádio que não conheça na imensament­e longilínea e estreita silhueta chilena. “Desde pequeno que ia ao estádio, tenho largamente mais de 1000 jogos vistos, vou como local e visitante, sendo o Chile um país com grandes distâncias entre cidades. Faço essas viagens todas, de autocarro, avião e até veículo particular. Sigo a equipa em todos os jogos porque sinto que cada encontro do Palestino é um motivo de orgulho para o povo palestino, porque há uma equipa a representá-lo a 13 mil quilómetro­s de distância. Mais importante do que o resultado, é o que significa esse amor”, reflete Mooris, de corpo e alma com um clube e uma causa, que também sensibiliz­a adversário­s. “Se falarmos dos jogos, querem-nos ganhar, claro! Mas outro orgulho que nos cabe é esse carinho de diferentes clubes, nada se resume só ao relvado. Conhecem e sabem que representa­mos um povo, o Palestino não cria anticorpos, só gera afinidades. Há muita solidaried­ade no Chile com o que se vive na Palestina e não temos rivais”, documenta, também invadido pelo esforço hercúleo em que se coloca. “As maiores loucuras são as viagens por todo o Chile, coisas impagáveis, que já começaram na minha temporada escolar, de sair do colégio abruptamen­te e ir para o estádio. Levava reprimenda­s. Com um grupo de amigos que se identifica­vam, as loucuras foram aumentando. As idas a Temuco, nove horas de autocarro de Santiago. Mais do que loucuras foram experiênci­as incríveis, como ver a equipa ganhar a Copa do Chile em 2018. Tive de esperar 40 anos para ver o Palestino vencer algo, depois do título de 1978. Voltei a gritar campeões, coisas reconforta­ntes que nos fazem querer mais o clube. O mais importante é ver a equipa em campo, mas ganhar algo é uma alegria indescrití­vel”, sustenta Mooris, também feliz por ter vivido a simbólica homenagem às vítimas em Gaza no jogo com o Nublense com jogadores ajoelhados antes do apito inicial. “O minuto de silêncio e a roda foi algo muito marcante. Uniu-se o adversário e são pequenos grandes gestos que dão a volta ao mundo, nos aproximam da Palestina. Para nós tem essa importânci­a sempre, de representa­r um povo que está a sofrer.”

O minuto de silêncio e a roda com o Nublense foi gesto que correu o mundo”

Mooris Rabi Adepto do

CD Palestino

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Mooris Rabi é conhecido em todo o país

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