O Jogo

O bem dos jogadores e o mal das equipas

- Luís Freitas Lobo luisflobo@planetadof­utebol.com

1 A correr no sintético como num relvado natural (como também faria num lamacento doutros tempos), Gyokeres atravessa os jogos (e defesas) sem fazer perguntas. Na Suíça, a cada arranque levava atrás toda a dinâmica criativa ofensiva leonina: previsível no posicionam­ento coletivo mas imprevisív­el na movimentaç­ão individual. É o jogo pensado pelo treinador e o jogado pelos jogadores onde, desta vez, Edwards (como noutras Trincão) e Pote, inventaram, em “ziguezague” ou no “corte e costura” de passe/remate, lances de golo jogada atrás de jogada. Uma exibição mecanizada forte desde o início que deu para gerir titulares e, no plano de jogo, lançar Daniel Bragança. Precisa, claramente, de jogar mais porque, apesar da qualidade com bola, não tem a intensidad­e das rotinas defensivas no pós-perda, momento e atitude da qual a fórmula-Amorim se alimenta para depois servir o ataque. Valeu sempre Hjulmand, o melhor “jogadortát­ico” da equipa, o único (arrisco dizer) indispensá­vel para o modelo de jogo manterse sempre com os pés coletivos presos à relva nos sítios certos.

2 O jogo denunciado pode resultar dos movimentos previsívei­s ou da falta de mudança de velocidade dos mesmos sem dar tempo do adversário cobrir espaços. O Benfica de processos lentos deixou a equipa do Toulouse (inferior mas que, bem organizada, teve sempre esse tempo para se ordenar defensivam­ente) respirar com calma na Luz. Controland­o a profundida­de, controlou as aceleraçõe­s de Rafa (quando fugiu teve uma bola na barra quase poética). Carreras é um lateral que pode crescer quando ele e a equipa perceberem como têm de jogar em conjunto (o entrosamen­to). Neves-Kokçu dão lições de passe com espaço mas a nível de recuperaçã­o de bola é preciso Aursnes vir dentro pressionar (mesmo quando regressa na transição depois de atacar como lateral).

A viver acima da equipa, Di María faz o seu jogo particular e, quando aparece, ilumina a equipa num jogo em que, mais uma vez, deixou no ar a demora do treinador em jogar (ajudando a equipa) a partir do banco.

3 Parecia que Artur Jorge nunca tinha visto jogar a equipa do Qarabag e seus tecnicista­s da frente (Zoubir e Juninho). A goleada sofrida nasceu dum velho problema defensivo (essencialm­ente na transição defensiva quando a equipa é apanhada após estar posicionad­a para... atacar). Penso que a opção pelas marcações “homem” visou colmatar esse problema, mas mais do que o resolver (passou a correr atrás do adversário) tirou a melhor mobilidade ofensiva neste jogo agravada pela perda de Horta, Bruma, a quebra de Djaló e Banza mal servido. Ficaram assim destapadas as bases do melhor e pior que este Braga tem mostrado esta época: o melhor a atacar nasce da qualidade dos jogadores, o pior a defender nasce das deficiênci­as da equipa.

 ?? ?? João Neves (Benfica) e Gyokeres (Sporting) em destaque nesta época
João Neves (Benfica) e Gyokeres (Sporting) em destaque nesta época
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal