À procura do combustível

1A correr atrás de um prejuízo praticamente inultrapassável, a vitória frente ao Estrela da Amadora não representa muito na luta pelo título, mas reforça a ideia de que o segundo lugar não é miragem e de que quarta-feira tudo é possível. A ter que quebrar e torcer uma defesa porfiada numa equipa alinhada em 4-5-1 e remetida ao último terço do terreno, o FC Porto ofereceu uma exibição normal perante um Estrela que, ao se ter reforçado tanto no período de Inverno, só agora poderá aquecer os motores. A “normalidade” patenteada em 90 minutos não é coisa pouca, porém. Contam-se pelos dedos de uma mão os jogos desta época em que o FC Porto entregou uma partida sempre controlada, atacante com posse de bola, emocionalmente inteligente. É suficiente para fazer um campeão? Julgo que não, até porque já vem tarde.

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O empate com o Rio Ave e a derrota em Arouca fazia prever mudanças que os condicionamentos não deixavam desmentir, mas foi atrás que Sérgio Conceição lançou a cartada. A presença de Otávio no centro da defesa não foi verdadeiramente sujeita a um teste. Sem grandes oportunidades para fazer a diferença, até tendo em conta que o Estrela raramente saiu da sua zona de constrangimento defensivo, o mais importante seria não comprometer a dose de acerto. Apesar de naturais hesitações, o exFamalicão mostrou adaptação ao ritmo de competição e conhecimento capaz de enfrentar o novo contexto onde terá que maturar. Até quartafeira são quatro dias e o nervosismo grosso da estreia é já passado. Venha o hino da Champions para o nervoso miudinho e calafrios.

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Mais do que nunca, terá que se revelar a história de um clube que sempre encarou a Liga dos Campeões como o seu habitat natural. O Arsenal que chegará ao Dragão não é o mesmo do momento do sorteio. Com cinco vitórias num mês, vinte e um golos marcados

“Sem a manutenção da Champions, haverá muitos que aproveitarão para lavar os cestos e começar a vindima”

e dois sofridos nos últimos cinco jogos, os ingleses atravessam a melhor fase da época, vincando o segundo lugar na Premier League (o Manchester City está em terceiro, com menos um jogo) a dois singelos pontos do líder Liverpool. Será na Liga dos Campeões, porém, que o FC Porto poderá ir buscar o combustível que regue o resto da época para a resistência e ataque aos lugares cimeiros da Liga. Sem a manutenção na Champions, haverá muitos que aproveitarão para lavar os cestos e começar a vindima.