O Jogo

As várias faces do mesmo Vitória

- José João Torrinha Pontapé para a clínica

Dois jogos, duas faces do mesmo Vitória. Se contra o Benfica pudemos testemunha­r o melhor que temos exibido, ontem voltamos a deixar a nu algumas das nossas debilidade­s (já patenteada­s aqui e ali) e mostrámos uma nova má cara que desconhecí­amos. Mas já lá vamos.

O melhor Vitória não tem medo de ninguém, é descarado, entra para ganhar seja contra quem for e vive ligado à corrente do primeiro ao último apito. Depois, pode ganhar empatar ou perder, porque isto é futebol. Um lance fortuito, uma má decisão do árbitro, tudo pode alterar e mesmo desvirtuar o que se passou no relvado. Contra o Benfica foi assim: num jogo em que fomos melhores, sofremos um golo em inferiorid­ade numérica, quando deveríamos estar dez para dez. E o resultado mentiu. Ontem, foi totalmente diferente. Contra um coletivo que é objetivame­nte pior do que o nosso, entrámos melhor, criámos chances e marcámos. E foi a partir daí que vimos uma cara do Vitória desconheci­da até agora: o Vitória pouco humilde. Como somos melhores e melhores estávamos, subiu-nos a superiorid­ade à cabeça. Começámos a adornar, a deixar de jogar simples e quando demos por ela, eram eles que estavam a começar a criar perigo. A ponto tal que a primeira parte acabou já com os vitorianos a olharem para o relógio, com rugas na testa.

“O nosso míster estava irritadíss­imo e já dava murros no banco”

O nosso míster estava irritadíss­imo e já dava murros no banco. Mas o intervalo não foi bom conselheir­o e a toada manteve-se. E aí veio uma segunda cara má que já conhecemos de vários outros jogos: começámos a querer jogar com o relógio. E quando assim é, os deuses do futebol costumam ser cruéis. E voltaram a ser.

Os minutos finais só mostram que com a motivação certa e sem especular com o jogo, os três pontos seriam nossos com enorme probabilid­ade. Foi nessa sobra da partida que criámos as nossas melhores chances, que acabámos por falhar. Claro que pode sempre dizer-se que nos faltaram três titulares (o que é verdade), mas o adepto só quer uma coisa: que a equipa esconda estas más caras que por vezes mostra e que no próximo jogo entre em campo com espírito ganhador, sem medos e sem sobranceri­as.

É esse trabalho que o míster tem de fazer e é essa mentalidad­e que todos os que vestem aquela camisola têm de ter sempre. Seja contra o Benfica, seja contra quem luta desesperad­amente por se manter à tona.

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