O Jogo

Uma equipa a tentar sair da depressão

- Passe de Letra

Vários estudos e inquéritos avisam que a saúde mental é a maior pandemia dos nossos tempos. Dentro das várias condições mentais abrangidas, a depressão surge à cabeça das estatístic­as. “A depressão é uma doença psiquiátri­ca que afeta o emocional da pessoa, que passa a apresentar tristeza profunda, falta de apetite, desânimo, pessimismo, fadiga excessiva e baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si”, pode ler-se num manual de diagnóstic­o clínico. A depressão, que consiste num anómalo funcioname­nto fisiológic­o no cérebro, tem causas muito diversas e, muitas vezes, a pessoa deprimida nem sabe bem o que motiva o seu estado clínico. Trata-se de um deficit relacional da pessoa com o mundo que o envolve. Tudo parece correr mal. Este diagnóstic­o encaixa na perfeição na atual condição do SC Braga: trata-se de uma equipa deprimida. Nos últimos tempos, e mesmo tendo vencido recentemen­te um título, a equipa persiste numa depressão que a inibe de pôr em prática o futebol que já demonstrou por várias vezes ser capaz de praticar. Aquele Braga que, há pouco tempo, criava muitas oportunida­des, que se desdobrava em movimentaç­ões do centro para as laterais, que conseguia entrar pelo miolo com alguma facilidade e que marcava muitos golos parece ter-se tornado apático, sem força, sem alegria. Deprimiu. Dizem alguns que os sintomas de uma possível depressão já lá estavam,

“Marcar golos é um dos medicament­os prescritos para a melhoria dos sintomas”

nas estatístic­as dos muitos golos sofridos que, mesmo vencendo os jogos, a equipa ia apresentan­do. Mas os sintomas eram mascarados por uma fome constante de golos. Veio a falta de apetite e a depressão foi-se instalando. Perceber-se a aceitar a depressão é o primeiro passo para a sua cura. A depressão tem tratamento e decorrente do tratamento é frequente obter remissões completas. Para uma equipa de futebol, o psicoterap­euta é o treinador. Ele terá que encontrar a estratégia correta para que a equipa consiga ir debelando os efeitos nefastos do quadro depressivo. Aumentar os índices de confiança, incutir nos atletas uma atitude positiva, aumentar a exigência competitiv­a e a necessidad­e da constante pressão no adversário e de recuperar o apetite pela recuperaçã­o da bola a todo o custo poderão ser estratégia­s para ultrapassa­r o atual quadro clínico da equipa. Marcar golos, claro, é um dos medicament­os prescritos para a melhoria dos sintomas da depressão da equipa. Mas é preciso mais, é preciso um maior equilíbrio entre os setores. Hoje é dia de mais uma sessão de tratamento. Mais um dia decisivo no combate à depressão.

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