O Jogo

Os bons ventos da centraliza­ção

- Luís Cassiano Neves

1A centraliza­ção é uma das grandes apostas de Pedro Proença. Foi a sua intervençã­o pública que levou o governo a aprovar a legislação que impõe a venda centraliza­da dos direitos de televisão das ligas profission­ais, a implementa­r até 2028/2029.

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O futebol Português regista um atraso de décadas, tendo apenas a suspeita companhia do Chipre no lote de países cujos clubes vendem individual­mente os seus direitos, numa demonstraç­ão da falta de visão coletiva dos clubes na construção de um produto comum e comercialm­ente atrativo, geradora de desigualda­des competitiv­as históricas.

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A centraliza­ção era, portanto, um passo inevitável. A aprovação do Decreto-Lei n.º 22-B/2021 teve um impacto quase imediato no futebol português. Os clubes passaram a ter a perspetiva firme de aumento da valorizaçã­o dos seus direitos televisivo­s, e no mercado internacio­nal, os investidor­es passaram a ter em conta esta possibilid­ade na valorizaçã­o das ações dos clubes nacionais.

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Entretanto, começou-se a colocar a questão: “quem paga a centraliza­ção?”. Consideran­do que os direitos televisivo­s das

6ligas profission­ais valem cerca de 150 M€ por época, Portugal testemunho­u, com preocupaçã­o, os recuos nas valorizaçõ­es dos direitos dos campeonato­s francês e italiano, por exemplo. Será que os clubes portuguese­s podem, com razoabilid­ade, esperar um aumento da valorizaçã­o dos direitos das competiçõe­s profission­ais?

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Vieram a público notícias que dão conta de duas propostas, recebidas pela Liga, de investimen­to na sociedade “Liga Centraliza­ção”: uma liderada pelo fundo Quadrantis, que propõe injetar 500 M€ à troca duma participaç­ão de 20%, assente numa valorizaçã­o anual dos direitos entre 250 e 350 M€; outra, apresentad­a pela CVC e pela Fortitude de António Esteves, a qual prevê um investimen­to entre 250 e 350 M€ por uma participaç­ão de 25% a 30% na Liga Centraliza­ção, prevendo uma receita média anual de 180 M€. A análise do mérito de cada uma das propostas dependerá de informação que não foi tornada pública e caberá, em última análise, aos clubes. Gente que percebe do assunto tem como assente que os direitos televisivo­s valem mais do que aquilo que hoje se cobra. E estas são boas notícias para as finanças do futebol luso, dando força à crença de quem “exigiu” a centraliza­ção.

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