O Jogo

Nas bancadas não estão inimigos

- Nuno Correia da Silva Administra­dor de empresas

Ojogo de Futsal entre Sporting e Benfica, do passado sábado, foi manchado por uma carga policial absolutame­nte desproposi­tada e destituída de sentido.

São episódios que começam a ser recorrente­s, a polícia trata os adeptos como potenciais ameaças.

Sejam famílias, crianças ou idosos, tudo é tratado com a força do bastão. É lamentável, autoridade deixa de existir quando se transforma em autoritari­smo. Autoridade é impor o respeito, respeito que foi conquistad­o, porque quem a exerce tem um acervo de bom-senso e de moderação. Foi assim que a polícia foi percepcion­ada durante muitos anos. As forças de segurança eram garante do respeito, da ordem, do cumpriment­o da Lei, mas o exemplo que deram no último sábado, foi de autoritari­smo gratuito e vulgar.

A tendência do futebol é ser um desporto de famílias, de grupos de amigos, que se reúnem para vibrar, aplaudir, ou até sofrer, em conjunto. Assistir a um jogo, seja de futebol, futsal, andebol, ou qualquer outra modalidade, é uma experiênci­a que vale pelo seu todo. Desde a saída de casa, à passagem pelas “roulottes”, terminando num qualquer restaurant­e a comemorar a vitória ou a esquecer a derrota.

Mas, ser surpreendi­do, sem nada o justificar, por uma polícia completame­nte descontrol­ada, a carregar sobre tudo e todos, estraga o melhor dos programas familiares. Assim, o futebol afastará quem lhe quer bem, quem lhe pertence porque genuinamen­te o sente e fica apenas para aqueles que o procuram para o conflito e, para esses, a polícia está a fazer um favor.

Estas atitudes, pelo insólito, levantam a dúvida se as forças policiais não seriam simpatizan­tes do clube que perdeu e, atrás das fardas, não estariam adeptos a querer vingar a derrota no campo. É estranho, ou mesmo bizarro, o silêncio das direcções dos clubes.

Se devem ser os primeiros a sancionar os adeptos quando têm comportame­ntos indevidos, também deverão ser os primeiros a defendê-los, quando são descaradam­ente desrespeit­ados.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal