Nas bancadas não estão inimigos
Ojogo de Futsal entre Sporting e Benfica, do passado sábado, foi manchado por uma carga policial absolutamente despropositada e destituída de sentido.
São episódios que começam a ser recorrentes, a polícia trata os adeptos como potenciais ameaças.
Sejam famílias, crianças ou idosos, tudo é tratado com a força do bastão. É lamentável, autoridade deixa de existir quando se transforma em autoritarismo. Autoridade é impor o respeito, respeito que foi conquistado, porque quem a exerce tem um acervo de bom-senso e de moderação. Foi assim que a polícia foi percepcionada durante muitos anos. As forças de segurança eram garante do respeito, da ordem, do cumprimento da Lei, mas o exemplo que deram no último sábado, foi de autoritarismo gratuito e vulgar.
A tendência do futebol é ser um desporto de famílias, de grupos de amigos, que se reúnem para vibrar, aplaudir, ou até sofrer, em conjunto. Assistir a um jogo, seja de futebol, futsal, andebol, ou qualquer outra modalidade, é uma experiência que vale pelo seu todo. Desde a saída de casa, à passagem pelas “roulottes”, terminando num qualquer restaurante a comemorar a vitória ou a esquecer a derrota.
Mas, ser surpreendido, sem nada o justificar, por uma polícia completamente descontrolada, a carregar sobre tudo e todos, estraga o melhor dos programas familiares. Assim, o futebol afastará quem lhe quer bem, quem lhe pertence porque genuinamente o sente e fica apenas para aqueles que o procuram para o conflito e, para esses, a polícia está a fazer um favor.
Estas atitudes, pelo insólito, levantam a dúvida se as forças policiais não seriam simpatizantes do clube que perdeu e, atrás das fardas, não estariam adeptos a querer vingar a derrota no campo. É estranho, ou mesmo bizarro, o silêncio das direcções dos clubes.
Se devem ser os primeiros a sancionar os adeptos quando têm comportamentos indevidos, também deverão ser os primeiros a defendê-los, quando são descaradamente desrespeitados.