O Jogo

Chuva de recordes começou mais cedo

Entre sexta-feira e domingo caíram quatro máximos mundiais, raridade ainda mais inesperada por se estar a 160 dias dos Jogos Olímpicos

- CARLOS FLÓRIDO

Já lá vão os tempos em que num ano olímpico todos reservavam a forma para o momento alto. Para a próxima semana, quando Glasgow receber o Mundial de pista curta, esperam-se resultados únicos.

No ano passado foram batidos 15 recordes mundiais no atletismo, em 2022 caíram seis e em 2021 foram 13, sempre entre provas olímpicas e as de distâncias menos comuns. Este ano já se bateram seis máximos mundiais, um deles duas vezes, e isto sem contabiliz­ar os de raridades como as 600 jardas ou o lançamento do peso à escocesa (com corda). Este, a ser considerad­o, até se acrescenta­ria ao incrível passado fim de semana: entre sexta-feira e domingo foram superados máximos mundiais em 60 metros barreiras, masculinos e femininos, 300 metros nos homens e 400 nas senhoras. Para se encontrar semelhante é preciso procurar fins de semanas olímpicos, nunca meetings de fevereiro a 160 dias do momento do ano, os Jogos de Paris.

O mais impression­ante dos feitos foi de Femke Bol, que em Apeldoorn, nos Nacionais dos Países Baixos, colocou o máximo dos 400 metros da pista curta em 49,24 segundos, um ano depois de ter feito 49,26s. A campeã europeia da distância ao ar livre e mundial dos 400 barreiras passou a ter seis das dez melhores marca da história, mostrando-se capaz, aos 23 anos, de chegar aos títulos que lhe faltam, o indoor e o olímpico. Em Glasgow, terá um novo piso, montando precisamen­te a pensar em recordes.

Nos 60 metros barreiras, e cinco dias depois de Devynne Charlton, das Bahamas, ter feito 7,67 segundos, Tia Jones igualou essa marca, a abrir os Nacionais de pista coberta dos EUA. Nessa mesma noite, Grant Holloway obteve o décimo título na mesma prova, ao fazer 7,27 s nas eliminatór­ias. O anterior recorde mundial pertencia-lhe desde 2022, com 7,29s.

O restante máximo foi ao ar livre, e nos 300 metros, com outra novidade. Letsile Tebogo, que fez 30,71 segundos num meeting sul-africano, superou uma marca de Wayde van Niekerk, já é mais rápido do que Michael Johnson e Usain Bolt, vem de uma lesão que o impedia de

correr com sapatos de bicos, é do Botswana e... tem apenas 20 anos.

Se Glasgow promete muito – e Portugal ainda não revelou uma seleção com vários atletas em excelente forma, como Pedro Buaró (salto com vara)eCátiaAzev­edo(400m) com recordes nacionais recentes –, os indícios de uma época que se fez em crescendo levam a esperar uns Jogos Olímpicos memoráveis.

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Femke Bol é favorita nos 400 metros indoor e nos Jogos

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