Chuva de recordes começou mais cedo
Entre sexta-feira e domingo caíram quatro máximos mundiais, raridade ainda mais inesperada por se estar a 160 dias dos Jogos Olímpicos
Já lá vão os tempos em que num ano olímpico todos reservavam a forma para o momento alto. Para a próxima semana, quando Glasgow receber o Mundial de pista curta, esperam-se resultados únicos.
No ano passado foram batidos 15 recordes mundiais no atletismo, em 2022 caíram seis e em 2021 foram 13, sempre entre provas olímpicas e as de distâncias menos comuns. Este ano já se bateram seis máximos mundiais, um deles duas vezes, e isto sem contabilizar os de raridades como as 600 jardas ou o lançamento do peso à escocesa (com corda). Este, a ser considerado, até se acrescentaria ao incrível passado fim de semana: entre sexta-feira e domingo foram superados máximos mundiais em 60 metros barreiras, masculinos e femininos, 300 metros nos homens e 400 nas senhoras. Para se encontrar semelhante é preciso procurar fins de semanas olímpicos, nunca meetings de fevereiro a 160 dias do momento do ano, os Jogos de Paris.
O mais impressionante dos feitos foi de Femke Bol, que em Apeldoorn, nos Nacionais dos Países Baixos, colocou o máximo dos 400 metros da pista curta em 49,24 segundos, um ano depois de ter feito 49,26s. A campeã europeia da distância ao ar livre e mundial dos 400 barreiras passou a ter seis das dez melhores marca da história, mostrando-se capaz, aos 23 anos, de chegar aos títulos que lhe faltam, o indoor e o olímpico. Em Glasgow, terá um novo piso, montando precisamente a pensar em recordes.
Nos 60 metros barreiras, e cinco dias depois de Devynne Charlton, das Bahamas, ter feito 7,67 segundos, Tia Jones igualou essa marca, a abrir os Nacionais de pista coberta dos EUA. Nessa mesma noite, Grant Holloway obteve o décimo título na mesma prova, ao fazer 7,27 s nas eliminatórias. O anterior recorde mundial pertencia-lhe desde 2022, com 7,29s.
O restante máximo foi ao ar livre, e nos 300 metros, com outra novidade. Letsile Tebogo, que fez 30,71 segundos num meeting sul-africano, superou uma marca de Wayde van Niekerk, já é mais rápido do que Michael Johnson e Usain Bolt, vem de uma lesão que o impedia de
correr com sapatos de bicos, é do Botswana e... tem apenas 20 anos.
Se Glasgow promete muito – e Portugal ainda não revelou uma seleção com vários atletas em excelente forma, como Pedro Buaró (salto com vara)eCátiaAzevedo(400m) com recordes nacionais recentes –, os indícios de uma época que se fez em crescendo levam a esperar uns Jogos Olímpicos memoráveis.