O Jogo

FATO EUROPEU À MEDIDA NUMA NOITE DE GALA

Lição tática do FC Porto, aplicada ao pormenor, foi colorida com um golaço de Galeno à beira do fim. Arsenal teve muita bola, mas zero perigo

- Textos ANA LUÍSA MAGALHÃES

Foi em grande que “o senhor Champions” compensou o desperdíci­o de uma dupla chance, ainda cedo no jogo. “Gunners” voltaram a casa sem saber o caminho para a baliza de Diogo Costa.

Na Champions é outra música. E desta vez não faltou um bocadinho, como noutros jogos em que o FC Porto exibiu a melhor versão e ficou dever mais a si próprio. A equipa de Sérgio Conceição neutralizo­u o carrossel do Arsenal, foi venenosa com a bola e explodiu de alegria mesmoàbeir­inha do fim com um golaço de Galeno. Claro, estamos apenas no intervalo e faltará porventura o mais difícil – sair vivo de Londres daqui a três semanas –, mas a primeira amostra roçou a perfeição e esta grande noite, pelo menos, já ninguém tira os dragões. Num jogo disputadís­simo, mesmo quando parecia que não se estava a passar nada, sóàequip ada casaé que o fato da vitória assentaria bem.

Sem fugira o AD N, como prometer ana véspera, Sérgio Conceição apostou no que já podemos chamar agora de onze base. Mas com as tais nuances, porque do outro lado não estava um Arsenal que nas últimas semanas se entreteve a passar por cima de adversário­s em Inglaterra. O 4x2x3x1 era muito maleável e, se as sessões de vídeo foram muito longas, todos os jogadores mostraram que prestaram máxima atenção. Em nenhum momento, praticamen­te, a equipa azul e branca se desmontou ou desequilib­rou. Ninguém se esqueceu de marcar ou dobrar um colega, num desempenho tático irrepreens­ível, ao nível da exigência desta fase da Liga dos Campeões. Sempre que foi preciso, Evanilson ficava sozinho à frente de duas linhas compactas, mas que não recuaram em demasia. Apesar da mobilidade de Trossard (falso 9) e Havertz e do grande campo de visão de Odegaard, os “gunners” foram sempre forçados a jogar pelos corredores. Por aí, G alenoou Nico não deixavamWe­ndell ficar sozinho comSaka, um dos extremos mais temíveis para se ter pela frente, mas que ontem foi absorvido. Do outro lado, João Mário também não se podia queixar e o Arsenal lá ia rodando, rodando... e rodando. Em vão. A equipa de Mikel Arteta chegou ao fim da primeira parte apenas com uma ação na área e alguns sustos na de Raya. Era jogar xadrez e paciência ao mesmo tempo. Frio, mas aguerrido, o FC Porto calculava ao segundo os momentos de pressão e chegou a conseguir recuperar algumas bolas assim, sem nunca se ter metido em sarilhos por correr esse risco. A outra via era ter Galeno a explorar o espaço entre Ben White e Saliba, mas até foi da direita que o maior sobressalt­o surgiu. Aos 21’, Francisco Conceição furou e a bola sobrou, em plena área, para Galeno, que só não deve estar ainda a pensar como é que falhou duas vezes com a baliza escancarad­a, porque fez um golaço perto do fim.

Na segunda parte, numa ou noutra sequência, o Arsenal tentou aumentar a velocidade de circulação, mas só conseguia aproximar-se de uma mera possibilid­ade de remate através de pontapés de canto marcados de forma peculiar. Francisco e Nico sacrificar­amse com amarelos para resolver um par de deslizes de colegas, ainda longe da área, apesar de tudo, enquanto o veneno continuava a jorrar contra o Arsenal. Só por questões física sé que Conceição teve de mexer e, com um pouco mais de clarividên­cia no último terço, o FC Porto poderia ter causado outros estragos. Porém, o arco triunfal de Galeno, após uma recuperaçã­o de Otávio e numa fase algo confusa, deixou os “gunners” sem tempo para reagir.

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 ?? ?? Varela e Pepê uniram-se para travar os ingleses
Varela e Pepê uniram-se para travar os ingleses

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