O Jogo

Sérgio Conceição “Eles quiseram jogar, nós quisemos ganhar”

O treinador gostou de ver o FC Porto colocar em prática o que planeara para a receção ao Arsenal, na primeira mão dos oitavos de final da Champions, e deixou recado a Arteta

- CRISTINA AGUIAR

Otávio estreou-se na Champions, numa noite em que a equipa portista “interpreto­u na perfeição” a estratégia montada pelo treinador, no sentido de condiciona­r os pontos fortes dos “gunners”.

Tudo correu conforme ●●● planeado ao FC Porto, num jogo em que Sérgio Conceição viu consistênc­ia na equipa e uma arbitragem com alguns lapsos, sobretudo nas faltas sobre o guarda-redes.

É um treinador satisfeito?

—Prometi a mim mesmo que se ganhássemo­s ia dedicar a vitória à minha mãe, que faz hoje [ontem] 30 anos que partiu. É para ela, num dia difícil. Peço desculpa por começar assim... Os jogadores devem estar felizes pelo que fizeram. Tivemos pouco tempo para trabalhar, mas fizemo-lo de forma muito focada, com muita determinaç­ão, percebendo quais eram os pontos fortes do adversário, com a nossa habitual humildade, não permitindo ao Arsenal explorar algumas situações em que é muito forte. A equipa interpreto­u na perfeição os espaços que tinha de pisar para condiciona­r o Arsenal, que tem jogadores de grandíssim­o nível, ofensiva e defensivam­ente. Tínhamos de ser quase perfeitos, com muita solidez em termos defensivos, e não permitir sequer ao Arsenal rematar à nossa baliza, bem como no espaço que tínhamos na frente

para depois ferir o adversário. Foi um jogo muitíssimo bom, de alto nível, de Champions. Mais bola do Arsenal, mas mais perigo do FC Porto.

Um desses pontos era irreverênc­ia nos corredores laterais do Arsenal?

—É um dos pontos fortes. Acho que estivemos muitíssimo bem na chegada da bola aos corredores laterais. Tudo foi visto e preparado. Estávamos preparados para um árbitro que pudesse não dar falta sobre o guarda-redes ou sobre os próprios jogadores e houve algumas situações de falta. Olhámos para tudo ao pormenor. Parabéns aos jogadores, que interpreta­ram na perfeição o plano.

Que análise faz à estreia de Otávio na Liga dos Campeões?

—Tenho pedido ultimament­e para que ele perca um bocadinho a emoção. Isso é quando se assina contrato. Depois, tem de deixara emoção de lado e ser o mesmo jogador agressivo, falar com um jogador mais velho se tiver de o fazer, ter coragem, determinaç­ão e perceber que está aqui pelo mérito. Obviamente, tem ainda coisas a melhorar. Há uma evolução normal dos jogadores que chegam aqui. Tenho total confiança nele, como no Fábio Cardoso e no Zé Pedro, que hoje [ontem] estiveram no banco. Temos um grupo competitiv­o, que gosta de competição. E eu estou cá para decidir quem joga de início.

Pode comentar a evolução de Alan Varela?

—Há uma evolução normal. Ele só tem 22 anos, chegou de uma realidade completame­nte diferente. No Boca Juniors jogava de forma tranquila, à vontade, sem pressão. Aqui, mesmo nas provas internas, os adversário­s pressionam de uma forma a que ele não estava habituado. Há trabalho a fazer. Ele tem evoluído de uma forma fantástica. É humilde, trabalhado­r, muito dedicado. Está a dar uma excelente resposta. Não é fácil a este nível, é a melhor prova de clubes do Mundo.

“A equipa interpreto­u na perfeição os espaços que tinha de pisar para condiciona­r o Arsenal”

“[Otávio] Tenho pedido para que ele perca um bocadinho a emoção. Isso é quando se assina contrato”

Arteta disse que o FC Porto jogou muito fechado e não quis jogar...

—É uma opinião. Eles quiseram jogar, nós quisemos ganhar.

Teve menos posse de bola...

— O treinador adversário [Arteta] quis dizer isso, parece-me. É de uma escola que privilegia a posse de bola, como Guardiola, o treinador mais laureado. Acham que a essência de jogar é essa posse de bola. Depende da equipa que se tem, dos intérprete­s que se tem e da estratégia. Acabou 40-60% na posse de bola. Não me importava se fosse 30-70% e ganhar da mesma forma. A posse de bola tem que ver com o que se faz com ela. A posse serve para marcar golos e não sofrer. Hoje [ontem] fomos a equipa mais perigosa.

“Estávamos preparados para um árbitro que pudesse não dar falta sobre o guarda-redes ou sobre os jogadores”

“[Alan Varela] Tem evoluído de uma forma fantástica. É humilde, trabalhado­r, muito dedicado”

 ?? ?? Conceição desvaloriz­ou a diferença na posse da bola
Conceição desvaloriz­ou a diferença na posse da bola

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal