Sérgio Conceição “Eles quiseram jogar, nós quisemos ganhar”
O treinador gostou de ver o FC Porto colocar em prática o que planeara para a receção ao Arsenal, na primeira mão dos oitavos de final da Champions, e deixou recado a Arteta
Otávio estreou-se na Champions, numa noite em que a equipa portista “interpretou na perfeição” a estratégia montada pelo treinador, no sentido de condicionar os pontos fortes dos “gunners”.
Tudo correu conforme ●●● planeado ao FC Porto, num jogo em que Sérgio Conceição viu consistência na equipa e uma arbitragem com alguns lapsos, sobretudo nas faltas sobre o guarda-redes.
É um treinador satisfeito?
—Prometi a mim mesmo que se ganhássemos ia dedicar a vitória à minha mãe, que faz hoje [ontem] 30 anos que partiu. É para ela, num dia difícil. Peço desculpa por começar assim... Os jogadores devem estar felizes pelo que fizeram. Tivemos pouco tempo para trabalhar, mas fizemo-lo de forma muito focada, com muita determinação, percebendo quais eram os pontos fortes do adversário, com a nossa habitual humildade, não permitindo ao Arsenal explorar algumas situações em que é muito forte. A equipa interpretou na perfeição os espaços que tinha de pisar para condicionar o Arsenal, que tem jogadores de grandíssimo nível, ofensiva e defensivamente. Tínhamos de ser quase perfeitos, com muita solidez em termos defensivos, e não permitir sequer ao Arsenal rematar à nossa baliza, bem como no espaço que tínhamos na frente
para depois ferir o adversário. Foi um jogo muitíssimo bom, de alto nível, de Champions. Mais bola do Arsenal, mas mais perigo do FC Porto.
Um desses pontos era irreverência nos corredores laterais do Arsenal?
—É um dos pontos fortes. Acho que estivemos muitíssimo bem na chegada da bola aos corredores laterais. Tudo foi visto e preparado. Estávamos preparados para um árbitro que pudesse não dar falta sobre o guarda-redes ou sobre os próprios jogadores e houve algumas situações de falta. Olhámos para tudo ao pormenor. Parabéns aos jogadores, que interpretaram na perfeição o plano.
Que análise faz à estreia de Otávio na Liga dos Campeões?
—Tenho pedido ultimamente para que ele perca um bocadinho a emoção. Isso é quando se assina contrato. Depois, tem de deixara emoção de lado e ser o mesmo jogador agressivo, falar com um jogador mais velho se tiver de o fazer, ter coragem, determinação e perceber que está aqui pelo mérito. Obviamente, tem ainda coisas a melhorar. Há uma evolução normal dos jogadores que chegam aqui. Tenho total confiança nele, como no Fábio Cardoso e no Zé Pedro, que hoje [ontem] estiveram no banco. Temos um grupo competitivo, que gosta de competição. E eu estou cá para decidir quem joga de início.
Pode comentar a evolução de Alan Varela?
—Há uma evolução normal. Ele só tem 22 anos, chegou de uma realidade completamente diferente. No Boca Juniors jogava de forma tranquila, à vontade, sem pressão. Aqui, mesmo nas provas internas, os adversários pressionam de uma forma a que ele não estava habituado. Há trabalho a fazer. Ele tem evoluído de uma forma fantástica. É humilde, trabalhador, muito dedicado. Está a dar uma excelente resposta. Não é fácil a este nível, é a melhor prova de clubes do Mundo.
“A equipa interpretou na perfeição os espaços que tinha de pisar para condicionar o Arsenal”
“[Otávio] Tenho pedido para que ele perca um bocadinho a emoção. Isso é quando se assina contrato”
Arteta disse que o FC Porto jogou muito fechado e não quis jogar...
—É uma opinião. Eles quiseram jogar, nós quisemos ganhar.
Teve menos posse de bola...
— O treinador adversário [Arteta] quis dizer isso, parece-me. É de uma escola que privilegia a posse de bola, como Guardiola, o treinador mais laureado. Acham que a essência de jogar é essa posse de bola. Depende da equipa que se tem, dos intérpretes que se tem e da estratégia. Acabou 40-60% na posse de bola. Não me importava se fosse 30-70% e ganhar da mesma forma. A posse de bola tem que ver com o que se faz com ela. A posse serve para marcar golos e não sofrer. Hoje [ontem] fomos a equipa mais perigosa.
“Estávamos preparados para um árbitro que pudesse não dar falta sobre o guarda-redes ou sobre os jogadores”
“[Alan Varela] Tem evoluído de uma forma fantástica. É humilde, trabalhador, muito dedicado”