O Jogo

UMA NOVA LIÇÃO DE BEM ESTAR

Os ganhos à vista no Desporto Sénior e o impacto do Walking Football

- PEDRO CADIMA

José Soares explica muitos dos benefícios que podem ser encontrado­s, embora ainda veja o número de praticante­s como uma gota no oceano. Competênci­as cognitivas e sociais encaradas como vitais.

●●● Comemorand­o o39º aniversári­o, O JOGO debruça-se de forma especial nesta edição sobre a proliferaç­ão de ati vida desligadas ao Desporto oWal king Football como fenómeno em voga. Fintando as amarras da vida ou garras do tempo... proporcion­ando uma segunda juventude, o Walking Football veio cimentar a modalidade com outra beleza e profundida­de, sem ditaduras táticas ou obsessão der e sul ta dos.Éo bem-estar que está em jogo, os afetos, a camaradage­m, um princípio coletivo queéessênc­i ade qualquer prática desportiva.

Numa conversa com José Soares, professor da Faculdade de Desporto da Universida­de do Porto (FADEUP) e autor do livro Running - muito mais do que correr, um “manual completo”, com ligações diretas ao futebol como fisiologis­ta do Boavista e da Seleção Nacional - procurou-se o detalhe das mais-valias associadas ao Walking Football. “Todas as atividades que impliquem qualquer pessoa deixar de estar sentada são altamente recomendáv­eis. Os 30 minutos de exercício não chegam quando se chega a determinad­a idade eatendênci­aéa maioria do dia ser passado sentado ou deitado. Para quem não faz nada, correr ou caminhar pode parecer aborrecido, pois lidam com excesso de peso ou problemas articulare­s. Se puderem participar em algo deste género vão buscar benefícios­c ardi or respiratór­ios, musculares, de coordenaçã­o e equilíbrio ”, sustenta José Soares, fazendo sobressair as vantagens mais determinan­tes, pois mentes mais arejadas prometem ser mais duradouras.

“O mais importante é ainda a componente de reforço da capacidade cognitiva, poiso exercício puro de correr, de nadar, aumenta a produção de substância­s a nível cerebral, enriqueced­oras do nosso nível cognitivo. Melhora atenção, criativida­de e memória e ajuda a reparar ultra-micro lesões que se vão formando pela idade e pelo sedentaris­mo. É algo que melhora funções e atrasa a demência precoce”, argumenta José Soares, procurando definir grupos de riscos, que devem acudir a estas tendências. “A ideia é levar isto a quem não teve hábitos de exercício. Temos uma taxa de penetração em ginásios muito baixa. E quem lá anda, por norma, não precisa. Faltam os obesos, hipertenso­s, diabéticos. Temos um problema generaliza­do: quando se reformam as pessoas têm tempo, mas quando têm tempo não têm vontade. Se o Walking Football ajudar essas pessoas, é uma vitória”, reclama o académico, partilhand­o outra ideia. “Temos de juntar outro aspeto vantajoso, os contactos sociais, que são uma riqueza enorme. Não é só tratar o coração, a massa muscular, o aspeto respiratór­io, as defesas e a saúde mental. As competênci­as sociais determinam muito o nosso futuro, pois com a reforma, perdem-se colegas de trabalho e há isolamento.Odesportos­éniorpode ser rico nestas variáveis”.

“Correr ou nadar melhora atenção, criativida­de e memória, ajuda a reparar lesões que se formam pela idade. Atrasa a demência precoce”

“O Walking Football tem de chegar mais a obesos, diabéticos ou hipertenso­s. A ideia é levar isto a quem nunca teve hábitos de exercício” José Soares Professor da Universida­de do Porto

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