O Jogo

Saúde física e muito fair-play

Projeto do Farense gera muito orgulho. Miguel Serôdio rendido à partilha com jovens de 70...

- PEDRO CADIMA

Pedro Gonçalves foi mentor do projeto do Farense, que tem competido no Algarve com equipas do Reino Unido e Espanha. Antigo central dos leões de Faro também já se juntou ao Walking Football.

Para quem tem mais de 55 anos, esteéo momento de tomar uma decisão, sem lugar a exclusões: homens e mulheres comungam do gosto em conjunto. O Walking Football acautela a saúde, física e mental, e a inclusão, libertando a mente das angústias, do isolamento ou do sedentaris­mo. É um envelhecim­ento leve e ativo que promove sorrisos e redescober­tas, e convívios sem o pecado da gula. Sem jogo aéreo, carrinhos ou acrobacias, mesmo que a entrada neste mundo seja um genial pontapé acrobático. Transforma­dor e revelador. Iniciado no Reino Unido, o Walking Football foi ganhando força em Portugal e já nos visitam alguns exemplos encorajado­res, que exibem na perfeição o ponto de contacto entre a promoção e a aceitação. Os praticante­s têm subido em flechas e vários clubes, animados pelas associaçõe­s, têm sabido alistar-se neste meio.

No Algarve,éoFaren se tem sido um motor e bandeira da modalidade. Pedro Gonçalves explica-nos os alicerces. “Partiu-se da experiênci­a de um grupo de amigos, onde estavam dois diretores do Farense. A envolvênci­a foi crescendo e fomos convidando pessoas no boca a boca. Somos hoje 38 jogadores no ativo com dois treinos por semana. Os horários é que são difíceis, pela carência de campos”, relata Pedro Gonçalves. “Existe a condição obrigatóri­a de serem sócios do clube e do pagamento suplementa­r de uma quota para fazer face a custos dos campos”, junta o diretor, dando conta dos contornos da missão. “Sabemos que a AF Algarve está a preparar um campeonato regional e já estamos inscritos. Nos torneios organizado­s no Algarve temos sido a única equipa portuguesa. Temos amantes do futebol, que procuram atividade e alguma competição, respeitand­o o fair-play e cuidados físicos, pois há regras que protegem a integridad­e de cada um”, explica Pedro Gonçalves, admitindo que existe o rótulo ‘jogo de velhos’. “Temos escalões etários que compreende­m os 50-60, os 60-70 e depois os mais de 70”. Otimista, Pedro Gonçalves traça conclusões. “No Algarve está a ter um desenvolvi­mento acentuado, que se prende também com o envolvimen­to de comunidade­s estrangeir­as na região, que têm uma legião de praticante­s o que faz aumentar o número de inscrições. Envolvem-se centenas de jogadores e muitos familiares. Há equipas do Reino Unido e da Espanha. O Farense, por sua vez, já foi aBilb ao etêms urgido outros convites. Acreditamo­s muito no potencial do campeonato que está por chegar”, revela, paradigmát­ico sobre o êxito alcançado, sem depender de golos em balizas de três metros de largura por um de altura.

“O sucesso começa no adequar da atividade às idades, faz milagres em termos mentais, no que eram convívios perdidos. O jogo assenta em receção e passe com máximo de três toques por jogador, pede mobilidade e alguma técnica. Estamos orgulhosos de que o Farenses eja hoje um clube que vai dos 4 aos 75 anos...”, atira, descrevend­o uma equipa com médicos, enfermeiro­s, bancários, gestores, empresário­s e reformados. E também antigos símbolos do Farense, como Manuel Balela e Miguel Seródio. Este, antigo central, hoje a treinar oOlhanen se 1912, anda rendido. “É algo seguro e saudável para todas as idades, criando em cada um vontade enorme de ganhar e conviver dentro do futebol. Regenera a parte física, mental e psicológic­a. Adoro ver estes jovens de 60 e 70 partilhare­m esta alegria do futebol, sem nunca terem jogado. Pratiquem! Fazem novos amigos e preservam a saúde. E não é fácil, não se pára um segundo.”

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