PÓDIO OLÍMPICO EXIGE MELHORIAS
Diogo Ribeiro, com as marcas atuais, iria a várias finais do passado, mas só em 2012 teria medalha
Depois dos dois títulos mundiais, o que pode fazer Diogo Ribeiro nos Jogos Olímpicos? É a pergunta do milhão e O JOGO procurou respostas, analisando marcas e ouvindo Diogo Carvalho, seu antecessor.
“Até Paris são quatro meses de preparação. Não sei se ele conseguirá melhorar tão rápido. Para Paris devemos ser cautelosos, em Los Angeles terá maior maturidade, treino mais sustentado. Neste momento devíamos apoiar o Diogo [Ribeiro], não estando tão vinculados ao resultado. Mais do que treinar é preciso fazer crescer, e isso pede tempo. Em LA é mais expectável que possa ganhar a medalha olímpica. Neste momento, é um bocadinho precoce. Não quer dizer que seja impossível. Para Los Angeles, diria 80% realístico, para agora 40%”, comenta Diogo Carvalho sobre o maior fenómeno da natação portuguesa e seu sucessor, pois o anterior recorde nacional dos 100 mariposa era do aveirense de 35 anos.
A opinião do olímpico em Pequim,Londres e Rio foi imediata, mas bateu certa como estudo demarcas feito por O JOGO. Comparando os registos atuais de Diogo Ribeiro nas provas que irá fazer em Paris’24 com os das quatro Olimpíadas anteriores, percebe-se que iria sempre às finais dos 100 mariposa, mas só numa teria medalha – em Londres’12, à frente de Michael Phelps! –, chegaria a três nos 100 livres e a apenas uma nos 50 livres. “Depende das gerações. Ele em 2008 teria sido... sabe Deus! Com os fatos, não sabemos ”, lembra Carvalho sobre uma era marcante. Mas os tempos dos fatos tecnológicos já estão ultrapassados. “Ele pode melhorar dois ou três décimos,que são uma viragem ou um percurso subaquático, e catapultar-se de oitavo para quarto. Podem não aparecer o Caeleb Dressel ou o Kristóf Milák, que não estão a treinar como deveriam, e são mais duas posições. Não sabemos o que os adversários podem alcançar, mas sabemos que ele tem de melhorar, porque 51 [segundos] não dá medalha olímpica. Isso é certinho”.
Carvalho vê no campeão mundial “um atleta de excelência, super-raro na natação”. “Já tem maturidade, talento inato, uma equipa e estrutura que permitem resultados de excelência. Se virmos o panorama nacional, a realidade não é esta, há apenas este talento estratosférico. O Diogo Ribeiro foi o melhor que aconteceu à natação portuguesa”, conta, explicando o que distingue o jovem: “A força de vontade e o foco. Nas provas não sai como os outros, porque ainda não tem a explosão, os anos de treino e musculatura deles, mas depois tem um nado inacreditável, uma eficiência de braçada das melhores do mundo. Isso permite-lhe construir a prova e ganhar. Quando tiver o início dos mais velhos, pode bater o recorde mundial ”.
E o aveirense destaca outro ponto forte do campeão: “Treinou bem as chegadas. Eu perdi medalhas em Europeus por centésimos, ele ganhou-as todas por centésimos. Tem uma capacidade de aproximação à parede, de acertar com a braçada... Como tem uma equipa muito capacitada para 50 e 100 metros, treinou ao pormenor. Há muita repetição, até à capacidade de perceber, quase ao centímetro, onde está”.
“Medalhas é um bocadinho precoce. Para Los Angeles diria 80% realístico, para Paris uns 40%”
Diogo Carvalho Nadador olímpico