O Jogo

BILHETE BARATO SEM DIREITO A MENU COMPLETO

DESPERDÍCI­O A eliminatór­ia nunca esteve em perigo e o Sporting habituou-se à ideia de que ia fazer o 2-0. Não o conseguiu e sofreu um empate que não fere ninguém

- Textos FREDERICO BÁRTOLO

O ritmo cruzeiro apareceu e as chances sucederam-se. Gyokeres marcou um, encaminhan­do os oitavos de final, falhando depois um penálti. A saída de Hjulmand fez perder força e o Young Boys capitalizo­u.

Pela vitória por 3-1 na Suíça e, acima de tudo, pela facilidade com que o ataque do Sporting, que nem faca quente, abriu buracos no queijo helvético, sabia-se que a chegada dos leões aos oitavos de final da Liga Europa era provável. Uma questão de tempo. O empate ontem em Alvalade (1-1) não belisca em nada a supremacia dos verdes e brancos, porque não houve descompres­são acentuada. Em muitos momentos, este navio manteve a tendência de ritmo cruzeiro e quando, aos 13’, Gyokeres esmagou a esperança do adversário achou-se que o passeio em alto mar daria para beber uns cocktails a meio do caminho. Confiante, o sueco foi o porto seguro para a equipa depositar a velocidade e procurar, sem tremores, o 2-0. Um desatino, uma tormenta na maré para quem tinha de atar os nós à proa para não ser levado no vendaval. Edwards teve o 2-0 no pé esquerdo, mas pisou a desventura antes do intervalo, já com a baliza vazia. O lance capital que poderia ter catapultad­o a equipa para a goleada e para o ataque aos 100 tentos.

Não foi assim, mas o Sporting manteve a pressão alta e, depois de permitir apenas um remate enquadrado na primeira parte, quis mostrar quem mandava em campo. Seguro, sem tantas loucuras, com laterais comedidos (Esgaio, Matheus Reis e depois Nuno Santos), arranjaram-se os desequilíb­rios nas danças de Trincão e Edwards. A parceria que vingara no lance do 1-0, antes de Gyokeres arrancar furioso para o golo, renasceu: Trincão ganhou um penálti e Edwards distribuiu chocolates, ludibriand­o adversário­s inocentes. O Sporting não marcou, nem de penálti: o primeiro desperdiça­do por Gyokeres. Ainda não chegou o golo 30 para o bombardeir­o. E o facilitism­o de chegar rápido ao perigo inebriou os leões. Parecia tão fácil marcar – como tem sido – que até os adeptos não foram ao desespero por ver um tiro dos 11 metros defendido. Aplaudiram o sueco, convictos de que tudo estava fechado. A eliminatór­ia, sim, nunca correu perigo, mas o jogo tombou quando o comandante do porto tirou folgas.

Hjulmand saiu aos 63’ e aqueles duelos invisíveis que são todos do dinamarquê­s passaram a cair para o Young Boys. Daniel Bragança desperdiço­u três golos feitos, mas foi no capítulode­fensivo que saiu mastigado nos últimos 30 minutos. EKoin dr edi foi um novato ainda em termos de posicionam­ento, sem dar os equilíbrio­s que até uma equipa dominante precisa.

A desestabil­ização desse eixo à direita, com Koindredi de cabeça no ar, Fresneda ainda sem ritmo e Neto de pé desacertad­o, levaram Edwards a socorrer... com a mão e a cometer penálti. O empate aos 84’ representa­va a subida do ultimament­e crónico campeão suíço, que sabe tratar a bola. Mas também a incapacida­de do Sporting na hora de matar o jogo, a tempo e horas. Com três chances claras até ao apito final, o leão saiu a lamentar o desperdíci­o. Deu para descansar Gonçalo Inácio ao intervalo, deixar Geny e Coates no banco e só gerir o físico de Pedro Gonçalves e Nuno Santos, tudo a pensar no difícil jogo em Vila do Conde daqui a dois dias. O apuramento europeu foi fácil, o bilhete saiu barato e quando se paga menos sabe-se que não há sempre direito a menu completo. Faltaram golos ao festim. Nada que abale.

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Pedro Gonçalves saiu do banco e mexeu com o ataque
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