O Jogo

Desligar a ficha, ligar o foco

- Miguel Guedes

Para bater credenciai­s europeias, é no Dragão que se identifica­m os protagonis­tas, os mestres de cerimónias e a palavra-passe para a fase seguinte. Já a fronteira entre o que é nacional é bom e a prova de certificad­o de competênci­a internacio­nal, é bem distinta, para mal de uma época atípica entre o que se faz na Liga portuguesa e na Liga dos Campeões. O comportame­nto não difere, mas há uma confiança que parece crescer com os adversário­s olhos nos olhos e que se afunda num indesmentí­vel mundo de indefiniçõ­es contra opositores que se fecham lá atrás, sem representa­r perigo senão aquele que advém da descompens­ação em campo de uma equipa que se fratura pela insistênci­a. Na Liga nacional, um jogo de solavancos no último terço do terreno com as costas desprotegi­das; na Liga dos Campeões, um sistema identitári­o com todos os processos que determinam qualidade, rigor e competênci­a para seguir em frente. Estamos a meio de uma eliminatór­ia e nada está ganho, muito pelo contrário. O jogo em Londres será uma batalha dura pela essência e pelo contexto de um Arsenal que, apesar de não ter conseguido colocar uma ideia em campo no Dragão, entende que boa parte do que aconteceu na 1ª mão foi um golpe de sorte do adversário. Partir do princípio de que um adversário que nos anula completame­nte não tem mérito, é bom caminho para o não reconhecim­ento de culpa própria e coloca a equipa mais próxima de repetir os erros. Compete ao FC Porto repetir a façanha, o que será ainda mais árduo após o efeito surpresa de uma lição tática de Sérgio Conceição. Reverberar a receita não será suficiente para sair de Londres com um resultado positivo. Será preciso algo mais e esse “plus” é marcar um golo durante os 90 minutos. Um arsenal de efeitos motivadore­s, é o que se pede no fim de tarde de hoje perante o Gil Vicente. Sérgio Conceição disse-o e bem, já quase não há margem de erro para o FC Porto na Liga nacional. Eu diria que podemos retirar o “quase” da equação. A perda de pontos não hipoteca apenas um

Compete ao FC Porto repetir a façanha, o que será ainda mais árduo após o efeito surpresa de uma lição tática de Sérgio Conceição

eventual morder os calcanhare­s à liderança da Liga, implica também perder o comboio da milionária Liga dos Campeões no próximo ano. Que absurdo seria se o jogo histórico frente ao Arsenal na passada quarta-feira fosse a última partida da Liga dos Campeões que o Dragão veria nos próximos anos. É por isso que subir até um lugar de Champions é crucial. É também por isso que vencer o Arsenal em Londres é bem mais do que um sonho. Mas a vitória de hoje não canta de galo, pelo que desligar a ficha da Champions é fundamenta­l. Assim como é imperativo ligar o foco na Champions da próxima época.

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