SCHMIDT ATIRA UMA LANÇA COM QUATRO PONTAS
DEMOLIÇÃO Águia andou uma parte inteira a escavar os buracos que a defesa dos algarvios abriu na etapa complementar, construindo a segunda goleada seguida
pelo caminho e coloca atrasado. Quase por acaso, Kokçu, ao tentar o remate, entrega a bola redondinha a Rafa para uma finalização fácil.
90’
+3’ Numa fase mais descontraída
do encontro, com a goleada desenhada no marcador, o Portimonense consegue acercarse da baliza do Benfica. Jasper é o autor do remate que obrigou Trubin à primeira defesa da segunda parte, sem elevado grau de dificuldade.
O Benfica voltou a encher a barriga, com dois golos de Rafa, um de Neres e outro de Di María, o que, conjugado com empates de FC Porto e Sporting, lhe permitiu fugir aos rivais diretos na luta pelo título.
Além da vitória confortável sobre o Portimonense, Roger Schmidt terá conseguido semear a dúvida em terreno inimigo, uma vez que o calendário lhe reserva, até ao final desta semana, uma visita a Alvalade e outra ao Dragão. O treinador apostou numa frente de ataque móvel, sem um ponta-de-lança de raiz, socorrendo-se de uma fórmula parecida com a que aplicou diante do FC Porto na Supertaça e, mais recentemente, no empate em Guimarães, mas com uma nuance que lhe empresta um toque mais cerebral e voltado para o ataque, atendendo a que a missão de atuar à frente dos médios – ontem, João Neves e João Mário – foi entregue a Kokçu. Menos preocupado com os equilíbrios defensivos, o turco terá realizado um dos melhores jogos ao serviço dos encarnados, dando boa sequência ao fluxo atacante e testando um par de vezes o famoso tiro de meia-distância que tantos estragos fazia no campeonato dos Países Baixos mas que escassas vezes se tem visto na Luz.
Com Arthur Cabral e Marcos Leonardo no banco e Tengstedt com febre, Schmidt trocavaoponta-de-lançaporuma lança com quatro pontas – Rafa, Dí Maria, Kokçu e Neres –, o que baralhou as torres da defesa do Portimonense, erguida a três e reforçada nas alas. O Benfica controlou o jogo como quis, teve domínio avassalador na posse de bola e nada permitiu aos algarvios, remetendo Trubin ao papel de espectador.
O problema é que, apesar da avalanche atacante, Nakamura esteve impecável a parar as boas situações que os encarnados criaram e o intervalo chegou com o marcador em branco e alguma frustração nas bancadas. Adivinhava-se a entrada de Arthur Cabral logo no reinício, mas Schmidt voltou a provar que não cede a pressões, mantendo a mesma fórmula. O tempo – nem sequer foi preciso muito – haveria de dar-lhe razão. Depois de uma parte inteira a escavar buracos na muralha do Portimonense, o Benfica lá conseguiu furar e, melhor ainda, demolir de forma estrondosa a estrutura concebida por Paulo Sérgio, ao marcar três golos em quatro minutos.Todoscomintervenção direta das quatro lanças que o alemão atirou para o ataque: Rafa marcou o primeiro aos 55’, Neres fez um golo de autor, após passe genial de Kokçu, dois minutos depois, e Di María concluiu o período endiabrado das águias aos 59’, arrumando definitivamente com o encontro e validando em pleno a ideia do treinador.
Tudo isto acontecia com os jogadores do Portimonense impotentes para travar o carrossel encarnado, que mesmo com as mudanças continuou a girar, embora com voltinhas mais lentas. Já de olho nas próximas batalhas, Schmidt deu descanso a Neres e a João Neves, mais tarde também a Rafa, mas o Benfica nem assim perdeu o apetite pela baliza, até porque não precisava de se preocupar muito com o ataque inócuo do adversário. Trubin só teve de ir ao solo uma vez, enquanto Nakamura ainda sofreu outro golo, o segundo de Rafa, após uma arrancada bonita de Tiago Gouveia pela esquerda. Era o último ato da segunda goleada seguida das águias na Liga, depois do 6-1 ao Vizela, deixando a ideia de que Schmidt lá terá encontrado, finalmente, a dinâmica ideal. A tempo, portanto, das grandes decisões.